Área: 1.86 Km²
População fonte IBGE: 20.776 hab. Censo 2010
Quantidade de logradouros: 143
Pesquisa e texto: Jornalista Jair Barbosa Pimentel
Bairro mantém a tradição de reduto de gente festeira
A história do bairro do Poço remota ao século XVIII. Toda área era um imenso sítio de propriedade do português Antônio Fernandes Teixeira e sua mulher, dona Maria de Aguiar. Aos poucos foi se transformando e surgindo as primeiras ruas, beirando o litoral e o Riacho Salgadinho, cortadas pela antiga estrada do Poço. Hoje, é um dos principais bairros de Maceió, com ruas pavimentadas, sediando industrias, comércios, escolas, postos de saúde, a sede de O JORNAL, e ainda, muitas residências, algumas até preservando a sua arquitetura original do início do atual século.
O Poço sempre foi um reduto de gente festeira, que se reunia no Natal, Ano novo, carnaval e período junino para comemorar com muita alegria essas datas. As praças foram surgindo e com elas as promoções festivas da época, com a população se confraternizando e recebendo visitantes de outros bairros da Capital. Com o progresso, o bairro ganhou um comércio movimentado, residências modernas e pavimentação de suas ruas.
Nas primeiras décadas do século XX, as ruas estreitas seguiram o estilo tradicional da época, com o hábito das cadeiras nas calçadas, símbolo do contato mais íntimo das famílias e vizinhos. Os homens se vestiam de pijama, espichados em cadeiras preguiçosas, enquanto as mulheres de chinelos, sem meias, recostavam-se em cômodas cadeiras de balanço. Era o tempo em que não existia televisão e o único divertimento do dia-a-dia era jogar “conversa fora”. Ainda hoje, em algumas ruas, os moradores conservam o hábito do bate-papo na calçada.
O Poço sempre foi assim. O progresso não conseguiu acabar com toda tradição do bairro. As crianças anda nas ruas de pouco movimento de veículos, e os vendedores de peixe, sururu, o pãozinho e outros ambulantes vendem seus produtos na base do “grito”, acordando os moradores. A festa do seu padroeiro, Senhor do Bonfim, continua mantendo a tradição e o velho Cine Plaza infelizmente fechou as portas.
Moradores conservam os nomes típicos das ruas
Os moradores do Poço ainda conservam os nomes que deram origem as ruas do bairro. Poucos sabem quem era Bernardo Guimarães, e chamam “Rua das Tocas”. Assim também conhecem a “Rua das Caieiras”. “Rua do Quilombos”, “Rua das Mangueiras”, “Beco do Ganso”, “Rua das Cacimbas” e Sovaco da Ovelha”. O progresso chegou , mas não mudou os hábitos dos mais antigos habitantes do bairro, que prefere o nome de origem das ruas, praças e travessas.
A antiga “Rua das Cacimbas” tem o nome da placa de Rua Vieira Sampaio, uma homenagem prestada a José Vieira Sampaio, que foi tabelião em Maceió e contador do Banco do Estado de Alagoas. A “Rua das Caieiras”, também se chamou muito tempo de “Rua dos Sambaquis”, numa referência à existência de sambaquis. Também foi Rua do Arame, e hoje é Castro Alves.Outro nome típico de rua no Poço, é a “Rua das Mangueiras”, que depois passou para Rua Cassiano de Albuquerque, homenagem a esse alagoano de Porto Calvo, que viveu por muito tempo em Maceió e era um dos intelectuais da cidade, membro da Academia Alagoana de Letras. A atual Rua Pedro Paulino (primeiro governador de Alagoas na fase republicana e irmão de Deodoro da Fonseca) já se chamou “Rego da Mata”. A Rua Zeferino Rodrigues (médico e professor do Lyceu Alagoano) era e Estrada do Gulandim, que atravessava o bairro.
Dos antigos casarões, restam poucos, com a transformação em casas de comércio. Um desses fica na Rua Comendador Calaça, vizinho ao antigo prédio da LBA. Famílias tradicionais do bairro, como Calazans, Calaça, Gomes de Barros, Coelho da Paz e outras fazem parte da história. Alguns de seus descendentes, ainda residem por lá. Outros trocaram a casa grande por apartamentos no Farol ou na orla marítima.
Samba e forró fazem parte do cotidiano dos moradores
O samba e o forró fazem parte da vida dos moradores do Poço. Nem os trios elétricos conseguiram acabar com essa tradição. O bairro é sede da mais antiga escola de samba de Maceió: a Unidos do Poço. E, foi escolhido para sediar a Escola de Samba de Nação Imperial , que foi grande campeã do carnaval deste ano (1996) cuja sede fica na rua Santos Feraz. É de lá, que todos os anos, nas festas juninas, sai a quadrilha Show Aconchego, a bicampeã alagoana.
Nas décadas de 50 e 60, os moradores do Poço também se divertiam em seus clubes. Tinha o Atlético, que funcionava na Comendador Calaça, em frente à casa de saúde Santa Lúcia, e ainda o Jaraguá Tênis Club, na divisa do Poço com Jaraguá, hoje, funcionando apenas com sua quadra de tênis. O Cine Plaza passou a exibir apenas filmes pornográficos, que terminou fechando as portas.
O ponto de encontro festivo de hoje, é o SESC, que realiza toda Sexta-feira, shows com artistas da terra, aberto ao público, pagando-se uma pequena taxa. Na entrada da antiga “Estrada do Poço”, em frente à Escola Técnica Federal de Alagoas, funciona o Xamego do Povo, uma danceteria que atente todos os gostos e atrai gente de todos os bairros da cidade.
Comércio cresce sem tirar a tranqüilidade das transversais
Com a descentralização do comercio de Maceió, o bairro do Poço ganhou novas lojas dos mais variados ramos, sediados em pontos estratégicos, como a Praça Bonfim, a avenida Comendador Leão e a rua Comendador Calaça. Seus moradores dispõe de dezenas de mercadinhos, além de farmácias, padarias açougues e casas de material de construção e peças de carros. Muitos dos antigos casarões viraram casas de comércio ou escolas.O comércio mais movimentado do bairro, fica exatamente em seu ponto central: a Praça Bonfim, que detém ainda pequenos hotéis, remanescentes da época em que o bairro sediava a Estação Rodoviária. O local é movimentado, com parda de ônibus, o Colégio Crispiniano Portal e varias lojas.
Os dois grandes moinhos de trigo de Maceió, estão localizados no Poço. O bairro também foi escolhido para ser a sede de O JORNAL. Dispõe ainda de duas maternidades: Santa Mônica e Santa Lúcia; a Clinica de Faturas, dezenas de consultórios médicos e odontológicos, além de escritórios de prestação de serviços.
Sua proximidade com o Centro de Maceió garante aos seus moradores acesso, até mesmo a pé, percorrendo a Rua Barão de Atalaia, a antiga “Estrada do Poço”. Fica também próximo ao Shopping Center Iguatemi e a orla marítima. É um bairro tranqüilo, bom de se viver, e se valoriza a cada dia.
Profissionalização tem um lugar de destaque
O bairro do Poço dispõe dos principais centros profissionalizantes de Maceió: o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial (SENAC), Centro de Treinamento Educacional Otoniel Pimentel, mantido pela Campanha Nacional das Escolas da Comunidade (CNEC) e a Escola Técnica Federal de Alagoas.
Na Avenida Comendador Leão, a mais movimentada do bairro, funciona o SENAI, num amplo prédio, onde mantém dezenas de alunos estudando as principais profissões do mercado. Um pouco antes na direção Centro-bairro, encontra-se na Rua Pedro Paulino, o SENAC, garantindo cursos profissionalizantes para comerciários e a própria comunidade. Os dois órgãos de assistência a trabalhadores, seus dependentes e a comunidade em geral, existem há 50 anos.
No antigo prédio da Estação Rodoviária, funciona o Centro Cenecista de Treinamento Otoniel Pimentel, mantido pela CNEC. Lá professores e outros profissionais ligados a escolas mantidas por essa entidade, são treinados, para proporcionar um ensino de boa qualidade ao milhares de estudantes das escolas cenecistas.
Na entrada do Poço, fica o amplo prédio da Escola Técnica Federal de Alagoas, com cursos de 2º grau profissionalizantes. De lá, saem jovens prontos para enfrentar o mercado de trabalho competitivo. A escola mantém cursos de Eletrotécnica, Eletrônica, Química, Computação, Estradas, Edificações, Mecânica e outros.
Publicado em O JORNAL, Maceió, 26 de maio de 1996. Este texto é original como publicado na época
Os Pioneiros do Poço
Colaboração: Maurício Hilanio Paranhos
Em frente ao antigo "centro recreativo atlético do Poço", onde hoje está a Maternidade e Casa de Saúde Santa Lúcia, em cima da qual foi construída, existiu a residência do sr. João Malaquias de Almeida, um dos pioneiros do Poço. Era um casarão (Veja em galeria de fotos) onde ele vivia com a família, e ,tinha um sítio no Reginaldo onde cultivava uva, para exportar. Sr. Malaquias chegou em Maceió, fugindo da seca do fim do século XIX, do sertão da Paraíba (Princesa), residiu muito tempo num chalé em um sítio no Reginaldo, antes de construir o casarão da Av.Comendador Calaça,1275. Casado com dona Francisquinha:Francisca Falcão de Barros, proveniente de Murici, filha de Ernesto de Barros Correia e Maria Conceição Falcão.
Hermann Voss e o Cine Plaza
O cine Plaza foi criado na segunda metade dos anos 40, e ,pertenceu a um alemão(ou descendente) chamado Hermann Voss, cuja esposa residia com os filhos num chalé na esquina direita da subida do Jacintinho, dona Durvalina, e, que tinha outra família em um anexo do cinema, dona Margarida com mais outros filhos. O cine Plaza era sua paixão, que cuidava como se fosse sua casa. Ainda me lembro, eu menino, dele, pela manhã, sem camisa, vassoura e balde nas mãos, pessoalmente na faxina. Á tarde e à noite as famílias o frequentava, nos lançamentos. Domingo de manhão era da garotada!
POÇO
Do sítio de Antônio Fernandes Teixeira
para bairro, foi um fecha de olhos.
O Riacho Salgadinho,
cortando o bairro é símbolo de Maceió.
Bairro festeiro com ruas estreitas
com seus antigos casarões.
O samba e o forró
faz parte dos moradores.
Prepara vários artifices,
em várias escolas deste bairro
(SENAI,SENAC,CNEC e IFAL).
O antigo cine Plaza
(foi o ponto das tarde de domingo).
Sem esqueçe a Escola de Samba Unidos do Poço.
Ari Lins Pedrosa do livro Bairros de Maceio, Uma visão poética
12/10/2010 - POÇO - Pontes vão facilitar travessia de pedestres
30/07/2008 - POÇO - Prefeitura recupera Praça Raul Ramos
01/04/2008 - POÇO - Prefeitura recupera a Praça Raul Ramos
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.