Por Roberto Amorim
Carlito Lima é o novo imortal de Alagoas O bom humor e a boemia conseguiram entrar no rígido Salão Nobre da Academia Alagoana de Letras. Num surpreendente resultado, o escritor Carlito Lima – ele mesmo, o Duque de Jaraguá - foi eleito, ontem, com 12 votos para sentar na cadeira de nº 24, antes ocupada por Francisco Valois.
Na acirrada disputa também estavam Djalma de Melo Carvalho, James Magalhães de Medeiros e Laurentino Rocha. 30 dos 39 acadêmicos votaram. A posse de Carlito Lima está marcada para o dia 03 de outubro. O discurso, adianta, irá reverenciar, principalmente, Maceió e seus personagens.
O novo integrante da casa dos imortais alagoanos já está cheio de idéias para as longas reuniões no discreto prédio azul em uma das esquinas da Praça Deodoro.
“O foco principal é a elaboração de projetos para incentivar a leitura e aproximar cada vez mais a Academia das novas gerações”, disse o Carlito Lima, que começou a se dedicar a literatura aos 61 anos e lançou em 2001 o primeiro livro “Confissões de um Capitão”.
No livro de memórias, o ex-capitão do exército conta episódios vividos nos difíceis anos de 1964. Carlito Lima servia na 2ª Cia. de Guardas no Recife, teve convivência com presos políticos como Arraes, Julião, Paulo Freire, Pelópidas Silveira, Gregório Bezerra entre outros.
Apesar de conhecido no circuito cultural e literário de Alagoas, ele não escapou do ritual de visitas aos membros da Academia. “Conversei com todos, mostrando a minha obra e me oferecendo como agitador cultural para ajudar nos projetos da instituição”, diz Carlito, que é responsável pela revista eletrônica Espia!.
Segundo ele, um exemplo a seguir é o da Academia Pernambucana de Letras, que conseguiu aprovar lei obrigando todas as livrarias do estado a ter, no mínimo, 5% do acervo de livros dedicado aos autores pernambucanos.
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.