Por: Vanessa Alencar
Pablo de Carvalho lança Iulana, romance premiado no Alagoas em Cena 2006. Respire fundo, faça o sinal da cruz, se você não for pagão, e prepare-se para entrar em Gricolá. Lá, há andorinhas voando em bando e bailarinas que vertem ópio. Gricolá é também o lugar onde vive Iulana, personagem que dá nome ao novo romance do alagoano Pablo de Carvalho.
Iulana, um dos romances vencedores do Alagoas em Cena 2006, é o primeiro, dos seis livros premiados no concurso, a ser lançado. O coquetel de lançamento tem o apoio cultural da Esamc e acontece no próximo dia 24 de março, sábado, no restaurante Canto dos Cantos, Farol, a partir das 17h. O evento terá a participação de um grupo de chorinho de mesa e, a partir das 20h, da cantora Vânia Garcia.
Iulana será lançado com o selo da Edufal. Uma obra de arte à parte, a capa do livro premiado é assinada pelo arquiteto Mário Aloísio e pelo designer Rodrigo Ambrósio.
Surrealismo
Gricolá, a cidade fictícia criada por Pablo, poderia ser a Macondo do colombiano Gabriel Gárcia Márquez, descrita no clássico Cem anos de solidão. Porém, mais do que surrealista, o terceiro livro do escritor é uma verdadeira ode a todas às artes: à música, ao teatro e a poesia. Permeado de som, aromas e sensações, o conteudo caminha pelas diversas interpretações artísticas conseguindo a façanha de despertar os cinco sentidos do leitor.
“Iulana é um livro que expressa meu mais profundo amor pelo entimentalismo, pelas abstrações, pelas figuras de linguagem, pela metáfora, pela música popular...Às vezes chega a ser esquisito, meio excêntrico mesmo. Mas, ao contrário do que parece, tem tudo a ver com a realidade”, resume o autor.
Crítica
Iulana é a mais delicada crítica já feita ao lugar-comum, à mesquinharia de espírito e à banalização da vida. Iulana e todos os personagens melódicos e insanos de Gricolá são uma ode à diferença. Tanto que não se pode observar esses personagens em silêncio, sem sermos tragados por eles e para dentro da história. “Iulana é mais abstrato que o realismo fantástico e menos complexo e distante que o surrealismo. É uma obra aberta a múltiplas interpretações. Só resta aguardar que o leitor goste”, diz Pablo.
O autor
O alagoano Pablo de Carvalho, 28 anos, é delegado da Polícia Civil do estado da Paraíba, onde reside atualmente. Iulana é o terceiro livro do escritor. Aos 19 anos, Pablo publicou o romance “O canteiro de quimeras”, pela Editora Writers, de São Paulo, nos formatos impresso e virtual. O segundo é a novela escatológica O Eunuco, publicada pela editora Catavento, em 2001. Ambos tiveram o patrocínio cultural integral do Cesmac, de onde o escritor foi aluno.
Sobre o fato de que possa causar surpresa em alguns leitores o fato de Iulana ter sido escrito por um delegado, o autor comenta: “Muita gente acha contraditório um delegado de Polícia ligado às letras, mas eu não acho. Ser delegado de Polícia, estar no meio do mundo como estou, lidar com a matéria da vida em estado latente, faz com que se esteja perto dos acontecimentos dramáticos e da violência do cotidiano das pessoas simples, o que, afinal, é pura literatura”, finaliza Pablo.
Serviço:
Lançamento do livro Iulana, de Pablo de Carvalho
dataa: 24 de março, a partir das 17h
Local: Bar e restaurante Canto dos Cantos
(Rua Goiás, Farol – entrada pela Cofal, na Avenida Fernandes Lima)
Contato: pablo.de.carvalho@oi.com.br - (83) 8844-4663
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.