Caderno 2

Por, Bairros de Maceió - 16/05/2010

Beto Batera, Uma Imensa Saudade, uma publicação do blog Quiprocó

Por Macléin 

Extraido do blog Quiprocó,

Ontem, aos 60 anos, um dos personagens mais marcantes e inesquecíveis da música alagoana disse adeus e modulou para outra partitura, uma linha a mais no pentagrama, sempre em tom maior. Porém, antes disso, viveu intensamente, não usou pausas, estava sempre em play, em fusas e semínimas. Deu à vida o mesmo ritmo de felicidade (com seu modo Beto Batera de ser) com o qual magistral e talentosamente dominava seu instrumento de trabalho e emoção. Nele, exerceu toda a dinâmica que economizará na vida. Neles, o instrumento e a vida, os contratempos tinham a precisão da sua pegada.
          Habita um paradoxo no instrumento que ele amava: é do gênero feminino (embora instrumento) e fragmentado em peças bem distintas. Para alguns, é preciso bater, golpear para obter respostas. Para alguns, as partes nunca formam um todo. Para ele, Beto Batera, não! Se batia era com tal delicadeza, alegria e emoção, que a ninguém passava outro sentido que não fosse harmonia, intimidade, interação. Ele e ela eram um todo, onde o amalgama tornava-os células rítmicas vivas e pulsantes. Assim, conduziam-se por caminhos, por artérias que só eles sabiam onde chegar. Assim, hipnotizavam os demais, como o flautista e sua flauta mágica.
         Certa vez, há 200 anos, fui visitá-lo em um hospital, após ele ter se arrebentado todo em mais um dos seus vários acidentes de moto. Ao encontrá-lo todo engessado e com uma das pernas içada por uma espécie de guincho, cheia de ferros, parecendo uma antena de TV, tentei demonstrar minha consternação pelo seu estado. Não tive tempo, ele foi logo dizendo: “Maquilem (ele me chamava assim) agora tô pegando até a BBC de Londres”.
          Lembrei desse episódio em seu sepultamento, onde grande parte dos músicos, aqui do aquário, estavam lá para prestar a última homenagem ao mestre e ícone da música alagoana. Pois bem, percebi que não caberia consternação. Não, sendo o Beto quem foi: um ser humano fantástico que o tempo todo nos ensinava que a vida é viver intensamente, e, ser feliz, cada um ao seu modo, é o que importa. Saudade, sim! Uma imensa saudade. Replico o que escreveu minha amiga Mavi: se não bate o coração, que batam outros sons onde ele possa brilhar. E mais, afinando o escrito como quem afina um instrumento, “que o Beto descanse em jazz”, como também escreveu a minha miga Cidinha.
No Dia Mundial do Enfermeiro, (13), se preparem os do céu, pois o Beto acaba de chegar de Halli Davison!!!! Mo +, MÚSICAEMSUAVIDA!!!
www.macleim.com.br 

Nome: Roberto Antonio Vieira Gomes
Idade: 60 anos
Nascimento: 12/06/1949
Naturalidade: Maceioense
Profissão: Músico
Instrumento: Bateria 
 

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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