A Associação Teatral das Alagoas (ATA), instituição reconhecida de utilidade pública estadual e municipal, fundada pela atriz e feminista Linda Mascarenhas, em 12 de outubro de 1955, realiza neste mês uma programação especial para comemorar seus 55 anos de existência. Em 2005, quando fez 50 anos a ATA levou aos palcos a peça: Pathelín, fé e tramóias. O que marcou fortemente seu retorno a cena teatral. Desde esse período produziu: Reencontro, a remontagem Estrela Radiosa (primeiro espetáculo de rua do grupo), Os infortúnios de uma criança e expandiu seu raio de atuação em performances e teatro empresarial. Vem desenvolvendo desde 2006 o Ciclo de Leituras Dramatizadas, contemplando autores alagoanos consagrados e jovens autores. Neste ano nossa programação terá o brilho e o frescor merecidos.
Nossas atividades começam no dia 12 de outubro comemorando o aniversário com a pré estréia do espetáculo “A Troca”, no Teatro Deodoro, às 20hs, cuja entrada custará apenas 10 reais (preço promocional). Seguindo a programação, nos dias 13 e 20 de outubro fica em cartaz no projeto Quartas no Arena, anexo ao Deodoro: A Troca, sempre às 19:30hs, ingressos a preço populares, 6 reais inteira.
Nos dias 19, 26 e 27 de outubro sempre às 19hs na Sala da Orquestra no Espaço Cultural da UFAL na Praça Sinimbú, com entrada gratuita, realizamos o Ciclo de Leituras Dramatizadas com os conteudos:
Dia 19 de outubro de 10
Comeram o Bispo Dom Pero Fernão de Sardinha, de Luiz Sávio de Almeida, leitura dirigida por Homero Cavalcante.
Dia 26 de outubro
O homem que enganou o diabo e ainda pediu o troco, de Luiz Gutemberg, leitura dirigida por Henrique rocha Floris.
Dia 27 de outubro
Casamento de branco, de Altimar Pimentel, leitura dirigida por Lindianne Heliomarie.
Encerrando nossas comemorações no dia 30 de outubro, às 16hs no Teatro Deodoro terá a estréia do espetáculo infantil “O Patinho Feio”.
A ATA neste mês convida a todos os alagoanos a comemorarem conosco mais um ano de vida, prestigiando e participando das nossas atividades, se apropriando da cultura teatral em nosso estado.
A Troca, um processo colaborativo
Segundo o Dicionário Aurélio Buarque de Holanda: “Troca significa dar uma coisa por outra, permuta entre si”. É neste conconteudo que o projeto “A Troca” lança suas sementes. Trocar conhecimentos, experiências e vivências teatrais entre artista e público, preparando-se no terreno fértil do processo teatral colaborativo, “Teatro colaborativo é um processo de criação teatral com raízes na criação coletiva. Surge da necessidade de um novo contrato entre os criadores na busca da horizontalidade das relações criativas. Todos os criadores envolvidos colocam experiências, conhecimentos e talentos a serviço da construção do espetáculo, de tal forma que se tornam imprecisos os limites e o alcance da atuação de cada um deles, estando à relação criativa, baseada em múltiplas interferências.”¹ O projeto une profissionais das áreas de: música, dança e teatro colaborando mutuamente para a realização de um espetáculo já que, “cenografia, figurino, sonoplastia, iluminação e outros componentes podem ser pesquisados e elaborados concomitantemente a construção do espetáculo, estando os responsáveis abertos a dar e receber comentários e sugestões da equipe”² contribuindo para a dinâmica do processo criativo e fortalecimento do vínculo de cooperativismo nas relações artísticas. Tendo como prioridade trocar vivências teatrais que permitam a dialética do espetáculo, o projeto “A Troca” buscará o diálogo contínuo e dinâmico com o público.
A peça revelará a história de duas irmãs: Ana e Lia, muito unidas desde a infância. Ambas se casam no mesmo dia e decidem morar juntas. Dário é marido de Ana, um homem apaixonado e viril, enquanto Nilton casado com Lia é um homem um pouco mais tímido e introspectivo. A história vai mostrando o que acontece com estas pessoas convivendo no mesmo espaço. Dois casais. Um feliz e satisfeito, e outro sustentando aparências. Desejo, amor, paixão, frustração, dependência, sexo, felicidade, conceitos que serão questionados por estes personagens. Até que ponto conseguimos manter relacionamentos e comportamentos os quais não nos identificamos mais.
Nossa idéia é debater no espetáculo “A Troca” assuntos ligados as relações humanas, explorando o teor psicológico e social do ser humano na instituição “família”. Relações que são baseadas no afeto e nos vínculos consanguíneos. Proporcionando para o público uma reflexão sobre os gestos e atitudes que entrelaçam as relações familiares. Tomando como referência um clássico da dramaturgia teatral brasileira estaremos despertando no público o interesse em conhecer o universo rodrigueano e sua contribuição para o teatro brasileiro. O espetáculo A Troca é composto pelos artistas colaboradores: Fernandes Palmeira, Henrique Rocha Floris, Jadiel Ferreira, Juliana Teles, Nani Moreno, Rafael Alves Fonseca e Lindianne Heliomarie.
¹ ² Dicionário do Teatro Brasileiro: temas, formas e conceitos.Coordenação: J.Guinsburg, João Roberto Faria e Mariângela Alves de Lima. Edições SESC SP, 2009.
O processo:
Em maio, junho, julho e agosto de 2010, iniciamos o processo de construção do conteudo A Troca. A construção do conteudo partiu do desejo dos atores Henrique Rocha Florís e Juliana Teles montarem a peça A serpente. Em parceria com os atores Dani Farias e Robson Person, desenvolvemos as idéias que resultaram no conteudo.
Agosto de 2010, os atores-criadores do espetáculo Henrique Rocha Florís, Juliana Teles e Fernandes Palmeira iniciam o processo dos encontros para a criação do conceito do espetáculo. Na busca por um teatro orgânico e dinâmico os referenciais para a concepção estética partem de um olhar sobre o ritual religioso que deu origem a forma teatral. Através desta observação nos voltamos para um trabalho corporal e musical investigativo. Nossa orientação parte do ritual religioso da cultura afro-brasileira, onde o corpo do ator e a musicalidade trabalhada em cena bebem dessa fonte. Na construção dos personagens cada ator terá liberdade para compor de acordo com suas técnicas e fontes pesquisadas. Utilizaremos em cena o método do coringa desenvolvida por Augusto Boal para que os atores possam exercitar seu ponto de vista de cada personagem, e se desprendam do apego ao personagem, deixando para o público a apreciação e codificação de suas características.
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.