Maceió, onde nasci
Quanta beleza carregas
Já desde o Pontal da Barra
À Ipioca trafegas
Pela Costa dos Corais
Repleta de coqueirais
Quanta maravilha entregas!
Quantas agressões sofrestes
Com crimes ambientais
Mas tu resistes valente
Tanta pujança jamais
Sucumbirá à maldade
Dessa desumanidade
Que aportou lá no teu cais.
Pois o ácido sulfúrico
Que querem armazenar
Em teu porto só revela
Que nós iremos lutar
Nosso povo não merece
E ele jamais se esquece
Que a Braskem tem seu lugar
No rol de tanta tristeza
Que é imposta à nossa gente
Fala na televisão
Mas não adianta, só mente
Se dizendo zeladora
Da cidade, que impostora
Cara lisa, reluzente!
Perderam mesmo a noção
Ou estão achando pouco
A tragédia da Braskem?
Esse pessoal é louco:
Estocar ácido letal,
Às margens da capital?
Eu grito até ficar rouco!
A poesia não deixa
Barato neste cordel
Põe o dedo na ferida
Faz aqui o seu papel
De falar toda a verdade
Que o Bom Parto e a cidade
Têm seu destino cruel!
Lindo, o bairro do Pinheiro
Mais parece um cemitério
O Mutange e Bebedouro
Já não têm nenhum critério
As famílias desvalidas
Suas casas destruídas
Por este mal deletério!
Comecei este poema
Pra falar só coisas boas
Porém a realidade
Dessa nossa Alagoas
Faz nosso povo sofrer
E ainda pago pra ver
Bem feliz nossas pessoas.
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.