Meu Maceió não têm prédios altos
habitados por príncipes e princesas,
têm areias brancas e coqueiros gogós-da-ema;
meu Maceió despossui favelas, casas feias,
possuem sonhos ecológicos, casas mágicas;
meu Maceió não existem analfabetos
nas ruas de Jorge de Lima, de Jorge Cooper;
meu Maceió vende no supermercado
bumbas-meu-boi, reisados e pastoris encantados.
Não há injustiça nem violência em meu Maceió:
Pontes de Miranda não deixa, não permite rixa,
não deixam as palavras do velho Aurélio Buarque.
As lagoas, os bairros cheios de ônibus espaciais
que viajam entre as estrelas, as galáxias;
meu Maceió tem um bairro cheio de sacis musicais,
outro cheio de sereis e centauros marcianos;
nas lagoas moram mães-dágua rendeiras com seus bilros
que não deixam faltar roupas pros povos alagoanos;
não há cemitérios, porque aqui ninguém morre. Fica encantado.
Homens caminham com seus pincinês; mulheres e crianças rezam;
há frutas em abundância na Palmeira herdada dos caetés
na casa defronte ao CAIC que comporta uma fábrica de sucos.
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.