Bebi água de cisterna
em Maceió
portinhola de madeira
teto com duas águas.
Bebi água de cisterna
bica em zinco ou
folha-de-flandres.
gota a gota,
pingo a pingo.
Bebi água de cisterna.
Aparando água de chuva.
Quando chove...
Água que corre em calha,
já rasa; lodosa,
em busca de descanso;
no fundo.
Bebi água de cisterna.
Buraco cavado na terra,
revestido de cimento.
Bebi água de cisterna.
Onde encontra repouso,
sairá em vaso de metal,
madeira ou plástico.
Para saciar
o sedento de tudo.
Fundo escuro, úmido.
Morada de anfíbio sem cauda,
desdentado e de pele verrucosa.
Cisterna
Esse poema é uma colaboração à sua revista eletrônica. Poema publicado originalmente no meu livro 2005/2006 "A Bruxa do Ribeirão"
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.