Maceió em Verso & Prosa

Feira do passarinho

Cordel

Quem já foi à Maceió
Vai dizer que é verdade
Pra se ver tudo por lá
E não só pela metade
Há que se andar bastante
Pra conhecer a cidade
 
Mas um lugar não deve
Escapar de seu caminho                                                         
Lá não precisa ter pressa                         
Pode andar devagarinho                           
Pra se perder nas ruelas
Da Feira do Passarinho
 
É uma feira divertida
Um lugar movimentado
Lá se encontra de tudo
Até produto importado
Uns maldosos até dizem
Que é contrabandeado
 
Falam que algum badulaque
Foi talvez surrupiado
E chamam Feira do Rato
À este grande mercado
Porque dizem que ali tem
Até objeto afanado
 
Isso é mangação de gente
Que não tem o que fazer
É apenas um lugar
De comprar e de vender
Mas também é um programa
De passeio e de lazer
 
É bagunça organizada
Isso não nego nem minto
E a sensação que se tem
Entrando em cada recinto
É um medo de se perder
Nesse vasto labirinto
 
Há barracas muito grandes
E pequenas também tem
Até carrinho-de-mão
Lá é barraca também
E se vende bugigangas
Até no trilho do trem
 
E esse trem quando apita
É um aviso para o povo
Que tira a tralha do trilho
Num agito pavoroso
Mas mal o trem foi embora
Lá está tudo de novo
 
Vendem de pé sobre o trilho
Estes que nem tem barraca
E fazem muitos escambos
Trocam tranqueira barata
Que vem de todos os cantos
Até lá de Arapiraca
 
Na rua do troca-troca
Compra-se televisor
Rádio velho e relógio
E até despertador
Lá se compra ratoeira
E também computador
 
E o preço é acessível
Em toda aquela praça
As vezes é tão barato
Parece que é de graça
Nem precisa de dinheiro
Pode trocar por cachaça
 
Mas é tanto do bagulho
Tantos trecos e tarecos
Tem desde sapo esculpido
E muitos outros bonecos
Tem penico enferrujado
E montes de cacarecos
 
É cada quinquilharia
Que nem sei a utilidade
Mas basta lhes perguntar
Que explicam com vontade
Pois na arte de vender
Vendem com habilidade
 
A cultura alagoana
Lá se pode visitar
Mercado do artesanato
Esse é o melhor lugar
Pra encontrar a produção
Da rica arte popular
 
Há os temperos caseiros
Pra quem curte cozinhar
Tem colorau e cominho
Pra seu prato temperar
E as pimentas ardidas
Que não podiam faltar
 
Para quem gosta de peixe
Lá tem muita opção
Tem muito fruto-do-mar
Sururu e camarão
Tem cioba e carapeba
E carne de tubarão
 
Quem gosta de vitamina
E faz suco ou angu
Lá encontra muita fruta
Pinha e jaca ou umbu
Graviola e genipapo
Manga-espada e caju
 
Todo tipo de hortaliça
Se encontra nesta feira
De jiló à batata-doce
E jerimum de primeira
Inhame pra alegrar
Quase toda cozinheira
 

Falando em gastronomia
Ali se bebe e se come
Acompanha a macaxeira
Carne de sol de renome
Com manteiga de garrafa
Ali ninguém passa fome
 
O bom apreciador
Dos doces regionais
Vai encontrar quebra-queixo
Cocada e outros mais
Sai de lá lambendo os beiços
Com gosto de quero-mais
 
A popular rapadura
Já tão tradicional
E o doce pé-de-moleque
Come-se até passar mal
São parte da culinária
Típica e regional
 
E para molhar o bico
Tem muito mais que cerveja
Tem cachaça de alambique
Sem a qual não se festeja
E bebe-se cajuína
A bebida sertaneja
 
E fazendo juz ao nome
Lá também tem passarinho
Periquito e papagaio
Pato e pinto amarelinho
E se compra até cachorro
Quando ainda é filhotinho
 
Todo tipo de mazela
Lá se cura com pomada
E se esta não servir
Nunca falha a garrafada
Ou basta um chá de cipó
E a pessoa está curada
 
Se o problema é mandinga
Do mundo espiritual
Lá tem tudo que precisa
Para afastar esse mal
Seja feitiço ou trabalho
De magia natural
 
Na terra dos pés-descalços
E também descamisados
Moda lá não é problema
Só que é tudo misturado
Vendem cueca semi-nova
E até sapato usado
 
Vou contar das profissões
De trabalho rotineiro
Lá tem profissional
Que dá duro o dia inteiro
Dizem os exagerados
Que também tem trambiqueiro


Vendedor pra todo lado
Tem dentista e chaveiro
Manicuri e oculista
Artesão e açougueiro
E numa barbearia
Se vê até cabeleireiro
 
Todos visitam a feira
Ela não é elitista
Pois o povo vai à ela
E vai também o turista
Lá se viu celebridade
Que nem queria ser vista
 
Por lá também aparece
Todo naipe de artista
Já se viu trio de forró
Vez em quando um repentista
E o poeta de cordel
Que chamamos cordelista
 
Um famoso personagem
Figura bem conhecida
É o Galego do Veneno
Que vende até raticida
Para vê-lo entre na fila
Pois a fila é comprida
 
É por tudo isso que eu digo
E não digo isso sozinho
Só conheceu Maceió
Quem foi neste burburinho
E jamais vai esquecer 
A Feira do Passarinho

Click aqui http://www.youtube.com/watch?v=gQFhuGHE9eA&feature=related 

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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