Partido Trabalhista Reformador - PTR
Nascido em Porto Calvo, José Carneiro de Albuquerque foi médico e político, gozando de real prestígio na Capital. Assumindo a Prefeitura Municipal de Maceió, em 13 de novembro de 1928, encontrou uma vasta pauta de obras públicas a ser realizada.
Para o final de 1928 e durante todo o ano de 1929, José Carneiro de Albuquerque fez as seguintes realizações: conclusão do calçamento da Avenida Presidente Bernardes; calçamento da Rua 12 de Junho e trecho da rua Barão de Jaraguá; arborização da rua Epaminondas Gracindo; abertura de uma estrada provisória ligando o Pontal da Barra a Maceió; criação do Serviço de Extinção de Formigas.
O Doutor José Carneiro de Albuquerque deixou a chefia do Executivo Municipal aos 14 dias do mês de outubro de 1930. Faleceu nesta capital.
Por: Marcos Carnaúba, engenheiro civil e consultor - Maio 2008
Ano de 1904. José Carneiro D’ Albuquerque, pernambucano, meu avô materno, colou grau de doutor na Faculdade de Medicina da Bahia já noivo de Donina Calheiros de Vasconcelos, alagoana, diplomada em Farmácia também em Salvador. Aqui casou e se estabeleceu como oftalmologista. Doutor em Medicina Geral, logo adentrou em clínica e cirurgia na Santa Casa de Misericórdia, quando se amputavam membros usando petrechos de marchantes, serras, machados e facões.
Visão ampla e futurista buscou na Alemanha mais modernos instrumentos utilizados na Medicina Científica, destacando-se a primeira mesa cirúrgica que ora se encontra no Instituto Histórico de Alagoas, resgatada do ferro-velho há três décadas por seu discípulo e amigo Ib Gatto Falcão. Ampliou o antigo nosocômio instalando 140 leitos, além de implantar o Pronto-Socorro de Maceió, destacando-se o marcante episódio de atendimento a 120 náufragos do navio Itapagé, torpedeado em 1943 pelo submarino alemão U-161.
Morava na Praia de Pajuçara, plena de coqueirais onde instalou, na Praça do Rex, dispensário para atendimento médico aos mais necessitados, prédio que ainda lá se encontra descaracterizado. Lembro-me de vê-lo adentrando sol a pino naqueles areais sem fim, portando maleta de médico, a prestar assistência gratuita a doentes dos mais diversos males que não podiam se locomover na busca do esculápio, que ali comparecia honrando o juramento de salvar vidas.
Sob uma conjuntura política, viu-se alçado ao cargo de Intendente de Maceió, prefeito sem remuneração, e atuou com esmero criando postos médicos Maceió a fora: Farol, Bebedouro, Pontal, Centro, Ponta da Terra, emprestando seu nome, décadas depois de falecido, a uma rua do Pontal da Barra, hoje mudada de José Carneiro para o nome do dono de restaurante ali existente, certamente mais meritório que ele.
Desde o governo anterior, intentam mudar o nome do Hospital Dr.José Carneiro sob a incapacidade pública de como ele atuar criando novos nosocômios, apenas fazendo ampliações ou simples reformas, o que borrará a história da Medicina em Alagoas ali perpetuada, pensávamos, pelo nome de alguém que mereceu a homenagem por sua dedicação à Medicina Social.
Conclamamos, eu e os meus familiares, à Sociedade de Medicina de Alagoas e ao respectivo Conselho Federal, a protestarem e agirem como ora faço, buscando impedir que sejam esquecidos nomes dos que ontem honraram a Medicina alagoana, apagando parte da sua própria história.
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.