Sandoval Ferreira Caju - (07/02/1961 - 01/05/1964)

História

União Democrática Nacional - UDN
Prefeito eleito em sufrágio universal

Nasceu aos 16 de novembro de 1923, na cidade de Bonito de Sant Fé, na Paraíba, filho do Tabelião José Ferreira Caju e Dona Tamires Ferreira Guarita. Sandoval Caju veio a Maceió, visitar parentes, e aqui permaneceu até seu falecimento. Fez o curso ginasial no Colégio Guido de Fontgalland, diplomando-se contador pela Escola Técnica de Comércio e bacharelando-se pela Faculdade de Direito da Universidade Federal de Alagoas.
Sandoval Ferreira Caju casou-se com uma alagoana, e aqui tornou-se jornalista e escritor, com dois livros publicados: Poesia despida e Embaixatriz s=da simpatia. Foi eleito o prefeito de Maceió em 1960, exercendo o cargo durante três anos, até que teve seus direitos cassados com a Revolução de 1964.
Tomando posse a 1 de fevereiro de 1961, Sandoval Caju conseguiu o crescimento vegetativo da renda municipal, equilibrou o orçamento, liquidou antigas dívidas da Prefeitura e conseguiu colocar em ordem a folha de pagamento. Limpou a cidade, construiu e remodelou diversas praças da capital, ficando conhecido como o prefeito das Praças.

Fonte: Livro Prefeitos de Maceió - Ptefeitura Municipal de Maceió 


Crédito a seguir: site https://www.historiadealagoas.com.br

Sandoval Ferreira Caju, alto, cabeleira cheia, paraibano de muito talento, nascido em 1923 na pequena Cidade de Bonito de Santa Fé, alto sertão da Paraíba, depois de uma temporada no Rio voltou para João Pessoa impressionando a província com um límpido cartão de visita confeccionado em linho, com a seguinte inscrição: Sandoval Caju, locutor da Rádio Relógio do Distrito Federal.A Rádio Relógio era exatamente isso, apenas hora certa, durante 24 horas. Astuto, palavra fácil e muito espirituoso Sandoval Caju em pouco tempo se tornou um dos maiores radialista do Nordeste, na Rádio Tabajara da Paraíba.

Sandoval, filho de João Caju e Tamires Caju, um dia, veio a Maceió para se encontrar com o irmão mais velho Genival, que não via há mais de três anos e que aqui cursava a Faculdade de Direito de Alagoas, como conta em seu livro de memórias “O Conversador”, impresso na Sergasa e lançado em 1991:“Eram cinco e meia da tarde de 10 de maio de 1947 quando desembarquei na cidade em que teria de permanecer cerca de quinze dias, segundo um compromisso de honra assumido por mim perante a minha própria pessoa”.

Só que ficou em Maceió durante 47 anos, até o seu falecimento em 23 de maio de 1994. Casou-se com D. Waldette Loiola Caju e tiveram três filhos.Com seu jeito irreverente, espirituoso, repentista, ingressou na Rádio Difusora de Alagoas onde fez o seu primeiro grande programa de auditório, Palito de Fósforo: o programa incendiário dos auditórios.

Como locutor e animador de auditório, gozando de grande prestigio popular, aproveitou os espaços que os seus programas ofereciam, como foi o caso do Tribuna do Povo, e fez vitoriosa carreira política.

Durante a campanha ia para as praças todo vestido de branco e, de cima de um caminhão, começava seus discursos com a seguinte frase:

– “Vim de branco para ser claro”!

E tanto foi de branco e tanto foi claro que acabou ganhando as eleições e se elegendo, nas eleições de 3 de outubro de 1960, prefeito de Maceió.

Nesta campanha contou com o apoio do alagoano Marechal Floriano Peixoto, que já tinha morrido em 1895.Marcou um comício para a Praça dos Martírios em frente à estátua de Floriano Peixoto. A praça cheia, começou a falar e de repente abriu os braços largos:

– Marechal Floriano, vós que sois o patrono da terra das Alagoas, dizei a este povo se estais ou não estais apoiando a candidatura de Sandoval Caju à Prefeitura de Maceió.

A praça em silêncio, esperando. Sandoval, braços ao vento, insistia:

– Respondei, Marechal! Respondei! – Depois, com a voz embargada e os olhos marejados de gratidão, gritou:– Obrigado, Marechal! Muito obrigado! Quem cala, consente!

Venceu a eleição realizada no dia 3 de outubro de 1960, derrotando Jorge Quintela, Joaquim Leão e Cleto Marques Luz. Sandoval ganhou em em todas as 223 urnas da capital.Tomou posse somente no 1º de fevereiro de 1961, cumprindo o estabelecido pela legislação da época, que a posse deveria ocorrer 120 dias após as eleições.Como havia sido eleito sem o apoio de vereadores e havia tomado posse na Prefeitura e não na Câmara, iniciou seu mandato em conflito com o legislativo municipal.

Uma semana após a posse, já era alvo de processo de “impeachment” por parte de um grupo de vereadores liderados por Domício Falcão. Os eleitores não aprovaram a iniciativa e a Câmara, na Praça Deodoro, foi cercada por milhares de pessoas em protesto. Os vereadores recuaram.

Trabalhando com desenvoltura o que atualmente é considerado como “marketing”, elegeu a construção e recuperação de praças como ações que ofereciam a possibilidade de deixar sua marca na cidade. E assim aconteceu: a letra “S”, de Sandoval, passou a ser parte integrante da reurbanização dos espaços públicos da capital. Construiu 36 novas praças e recuperou 22 das existentes.

A arquiteta Josy Ferrare, no excelente documentário “Sandoval Caju, além do Conversador“, destacou que “a grande revolução urbanística promovida por Sandoval Caju foi nas praças. Ele mudou a forma do traçado – o layout, modificou a forma dos bancos, que eram até então simples, segmentados, e passaram a ser contínuos, sinuosos, alguns na forma que ele desenvolveu do “S”; bancos circulares em volta de troncos de árvores. Ele deu toda outra dinâmica às praças”.

Foram estas praças que receberam televisões públicas, que atraiam verdadeiras multidões para vê-las. Era uma iniciativa tão importante que cada unidade dessas foi inaugurada solenemente. Na época, uma aparelho de televisão era muito caro, o que impedia o acesso da maioria da população a este veículo de comunicação.

Foi responsável, entre outros feitos, por projetar o jovem economista Divaldo Suruagy para a política. Suruagy era Chefe da Divisão dos Impostos Predial e Territorial, quando recebeu o convite de Sandoval Caju para assumir a Direção-Geral da Municipalidade. Meses depois, no final de 1962, foi promovido a Secretário-Geral de Administração.

No início de 1964, quando começaram as especulações sobre os possíveis nomes que se envolveriam na disputa do governo de Alagoas em 1965, Sandoval Caju despontou entre os mais comentados. Em seu livro O Conversador, Sandoval admite que essa possibilidade foi difundida tão amplamente, que não se podia “mais deter as manifestações de apoio espontâneo vindas de toda parte, – desde o homem-da-rua da cidade aos próceres políticos interioranos”.

Segundo avaliou Sandoval, foi esta possível candidatura que incomodou o governador Luiz Cavalcanti e seu grupo político, que pretendiam controlar a sucessão do governador em 1965, passaram então a “maquinar um meio” de afastar o prefeito da capital da disputa.

Isso somente foi possível com o golpe civil-militar de abril de 1964. Sandoval Caju foi cassado e deixou a Prefeitura no dia 8 de abril daquele ano. Seus direitos políticos somente forma restabelecidos em janeiro de 1979.

Em entrevista para o Diário de Pernambuco de 21 de fevereiro de 1978, Sandoval contou que nos dois anos imediatamente após a cassação passou por “muitas necessidades”: “E o pior que não podia exercer a minha única profissão, a de advogado, por consequência revolucionária. Alguns débitos contraídos por mim foram pagos pelo meu pai, que veio da Paraíba. Mas depois me reabilitei, estando agora vivo e tranquilo”.

Voltou a exercer a advocacia, a partir de 1966, em Recife, mas sempre voltando a Maceió para passar o fim de semana com a família. Permaneceu nesta rotina até 1977, quando abriu mão dos clientes em Pernambuco e se fixou todo definitivamente a Maceió.

Em novembro daquele ano, teve sua habilitação para advogar cassada pela OAB/AL, então dirigida pelo advogado e ex-delegado Aurino Malta. O argumento foi o de que havia inadimplência nas contribuições devidas àquela instituição.

Antônio Gomes de Barros, Teotônio Vilela, Sandoval Caju e Luiz Cavalcante em um comício na Praça dos Martírios

Na campanha eleitoral de 1974, Sandoval apoiou os candidatos do MDB em Maceió e chegou a participar de comícios. Mantinha imensa popularidade e quase sempre era carregado nos ombros pela multidão.

Em abril de 1976, o MDB de Maceió anunciou que Sandoval seria um dos candidatos a vereador naquele ano. Não foi. Mas em 1978 estava de volta aos palanques do MDB apoiando a candidatura a deputado estadual do jornalista Bernardino Souto Maior e a de José Moura Rocha ao Senado.

Mesmo depois de conviver com o MDB por alguns anos, Sandoval Caju voltou à vida partidária em abril de 1981 em outra agremiação política: o recém-fundado Partido dos Trabalhadores. Preparava-se para disputar a prefeitura da capital em 1982, o que não ocorreu por determinação dos militares, que suspenderam os pleitos para prefeituras das capitais.

Somente em 1985 foi que Sandoval Caju voltou a disputar uma eleição. Era a primeira
eleição para a capital após longo período de impedimentos autoritários. Candidataram-se as seguintes lideranças: Djalma Falcão (PMDB/PSB/PCdoB), João Sampaio (PFL), Sabino Romariz (PDT), Sandoval Caju (PTB), Nilson Miranda (PCB) e Reinaldo Cabral (PT). Houve ainda a candidatura de José Buarque por um curto período. Ele se retirou da campanha para apoiar Djalma Falcão, que venceu o pleito com 56.174 votos. Sandoval conseguiu 2.009 votos, ficando em quarto lugar.

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Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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