Antônio Simeão de Lamenha Lins Filho nasceu no Engenho Coronha em São Luís do Quitunde no dia 28 de agosto de 1919. Filho de Antônio Semeão Lamenha Lins e Olímpia Lins Lamenha, estudou os cursos primário e secundário no Colégio Diocesano, quando, aos 17 anos perde o pai e volta para o engenho e assume os negócios da família, em um período que se caracterizou pela crise do açúcar banguê no Estado. Casou-se com a penedense Marina Braga Lamenha e com ela teve seis filhos.
Em 1946, com 27 anos, é eleito diretor da Cooperativa dos Banguezeiros e da Associação dos Fornecedores de Cana de Alagoas para a gestão 1946/1948. Neste mesmo ano participa da fundação do Partido Social Democrático – PSD. Nas eleições seguintes, em 1950, é eleito prefeito de São Luís do Quitunde.
Quatro anos depois, deixa a prefeitura para assumir o mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa, cargo para o qual seria reconduzido por duas eleições, as de 1958 e 1962, tendo sido, presidente daquela instituição legislativa. Era o presidente quando ocorreu o famoso processo de impechment do governador Muniz Falcão.
Com o Golpe Militar de 1964 vem a extinção dos partidos políticos e a instauração do bipartidarismo. Lamenha filia-se à ARENA e em 16 de setembro de 1966 assume o governo do estado, substituindo o interventor João Batista Tubino.
O jornalista Bernardino Souto Maior, em artigo publicado na Gazeta de Alagoas, ressalta o cuidado que Lamenha teve para formar a sua equipe de secretários, escolhendo por critérios técnicos, como fez na presidência da Assembleia.
Uma das suas escolhas foi o professor José de Melo Gomes, que ele queria como secretário de Educação. O Serviço Nacional de Informação – SNI vetou o nome por ter tido militância política de esquerda. O governador não recuou e José de Mello foi nomeado, tornando-se um dos melhores secretários de educação do Nordeste.
O Gabinete Civil foi entregue a Antenor Claudino e ao advogado Carlos Mendonça. A Secretaria de Viação e Obras Públicas ficou sob a responsabilidade do coronel José Anchieta do Vele Bentes. Para a Administração foram dois jornalistas: José Alves de Oliveira e Antonio Sapucaia. A atuação desta secretaria resultou em 15 intervenções em prefeituras que apresentaram irregularidades em suas contas.
No Banco do Estado de Alagoas ficou Carlos Ramiro Bastos e na Ceal, o empresário Benedito Geraldo do Vale Bentes. Como Secretário do Planejamento a escolha recaiu sobre o experiente Ib Gatto Falcão.
A assessoria jurídica foi ocupada pelo jurista Marcos Mello, que logo transformou essa função na Procuradoria Judicial, hoje Procuradoria Geral do Estado. Na Agricultura ficou o engenheiro agrônomo Antonio Marcias e na Saúde o médico Aderbal Jatobá.
Durante o seu governo houve a ampliação da eletrificação do estado e do abastecimento de água encanada nas cidades do interior. Implantou o Conselho Estadual de Cultura e criou o Instituto de Tecnologia e Pesquisa Aplicada e a Companhia Beneficiadora do Lixo – Cobel.
Inaugurou obras importantes como o Estádio Rei Pelé, o Matadouro Frigorífico de Satuba, a sede do Centro de Aperfeiçoamento de Pessoal e da Secretaria de Saúde, além de implantar a Escola de Ciências Médicas, a Fundação TV Educativa e criar a Secretaria de Planejamento.
Ib Gatto Falcão, que foi secretário de Planejamento de Lamenha Filho, narra um episódio que revela os cuidados que ele tinha com a preservação da autoridade: “Um dia, recebendo uma visita interessada em prestar serviços rodoviários ao Estado, insistente, em meio à discussão dos aspectos técnicos, administrativos e financeiros, resolveu ofertar uns litros de bom uísque ao governador. Polidamente, rejeitou a gentileza, mas ante a insistência do visitante, suavemente, chamou o chefe do Gabinete Militar, apresentou-o ao ofertante e tranquilamente determinou que recebesse o presente e o inscrevesse no ativo do almoxarifado do Palácio”.
Lamenha Filho deixa o Palácio no fim do governo.
Concluiu seu período governamental no dia 15 de março de 1971. Segundo José Carlos Maranhão, saiu do governo em situação difícil, sem ter se quer um automóvel. Em 1974 colocou seu nome à disposição da ARENA como candidato ao Senado, mas foi preterido em função da candidatura de Teotônio Vilela.
Após ter influenciado na escolha do nome de Divaldo Suruagy para ser o governador que sucederia a Afrânio Lages, entrou em divergência com o diretório nacional do seu partido, o que o levou a pedir afastamento da legenda. Em seguida, resolveu abandonar a política e a partir de então dedicou-se exclusivamente ao Engenho Coronha.
Muitas vezes foi procurado para voltar à política. Não aceitou, mas recebia sempre os amigos para conversar sobre os destinos de Alagoas. Faleceu em Maceió no dia 3 de janeiro de 1997.
Fonte de pesquisa: Memória Legislativa nº 6. Pesquisa do professor Ib Gatto Falcão.
Foto: Governador Lamenha Filho, Pelé e Napoleão Barbosa na inauguração do Trapichão
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.