Nise da Silveira nasceu, em Maceió, Alagoas de parto normal, às 2 horas da madrugada do dia 15 de fevereiro de 1905, , na Rua Boa Vista. Era filha única dos pernambucanos Faustino Magalhães da Silveira e Maria Lydia da Silveira. Faleceu no Rio de Janeiro - RJ 30/10/1999. Médica. Estudou no Liceu Alagoano. Formou-se pela Faculdade de Medicina da Bahia (1926), em uma turma da qual era a única mulher, tendo defendido a tese Ensaio Sobre a Criminalidade da Mulher no Brasil. Ingressou, por concurso, no serviço público federal, na antiga Assistência a Psicopatas e Profilaxia Mental (1933). Ficou afastada do Serviço Público, por motivos políticos, de 1936 a 1944. Em 1936, veio para o Rio de Janeiro, onde é mantida na prisão, também por motivos políticos, entre outubro daquele e parte do ano seguinte. Readmitida, é designada, em abril de 1944, para exercer suas atividades no antigo Centro Psiquiátrico Nacional, onde passa a se dedicar à terapêutica ocupacional. Nesse setor, organizou uma série de atividades, entre as quais exposições de pintura, desenho, escultura e cerâmica dos internos naquele centro, tanto no próprio local quanto em outras instituições, inclusive no Ministério da Educação e Saúde (DF, 1947) e no Museu de Arte Moderna de São Paulo (1949), para cujo catálogo escreveu longo prefácio - referidas em relatório publicado na Revista Brasileira de Saúde Mental (v.X - 1966).
Em 1952, junta essas várias manifestações artísticas, funda o Museu de Imagens do Inconsciente, em uma sala no Centro Psiquiátrico Pedro II, no Rio de Janeiro, reunindo os trabalhos da Seção de Terapêutica Ocupacional, que dirigia desde 1946. Hoje o Museu abriga um acervo de cerca de 300 mil obras, entre telas, pinturas, desenhos e esculturas. Em 20 de setembro de 1956, passou a ocupar instalações mais amplas. Sua finalidade é oferecer ao pesquisador condições para o estudo de imagens e símbolos e para o acompanhamento da evolução dos casos clínicos através da produção plástica espontânea. A 4 de fevereiro de 1947, no Ministério da Educação, foi aberta uma mostra de 254 pinturas de internados no centro Psiquiátrico Nacional, tendo os trabalhos despertado significativo interesse entre os críticos de arte. Sob o título Nove Artistas do Engenho de Dentro inaugurou-se, em 12 de outubro de 1949, no Museu de Arte Moderna de São Paulo, uma exposição que obteve êxito entre os críticos, êxito que se repetiu quando de sua transferência para o salão nobre da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, onde esteve de novembro de 1949 a janeiro de 1950. No I Congresso Internacional de Psiquiatria, realizado em Paris, em setembro de 1950, desenhos, pinturas e modelagens brasileiras fizeram parte da exposição de arte psicopatológica, promovida durante o congresso. Significativamente para o Museu, em termos internacionais, foi ainda a sua participação no II Congresso Internacional de Psiquiatria, reunido em Zurique em setembro de 1957, onde seus trabalhos ocuparam cinco salas. Parte dessa exposição foi levada a Paris, para participar numa grande exposição patrocinada pela Federation des Societés de Croix Marine, e realizada No Hôtel de Ville da capital francesa. A partir de 1958, na sede do museu, uma ou duas exposições foram organizadas, a cada ano. Em 1968, foi criado o Grupo de Estudos do Museu de Imagens do Inconsciente, tendo como principal objetivo o acompanhamento do processo psicótico através de imagens apresentadas em exposições. Em comemoração ao centenário de C.G. Jung, o museu promoveu uma exposição Imagens do Inconsciente que foi apresentada no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (05 de junho a 20 de julho de 1975) como também no Museu de Arte de São Paulo, na Fundação Cultural do Distrito Federal, na Fundação Palácio das Artes, em Belo Horizonte e na Universidade Federal do Paraná. Em 1978, foi organizada a exposição Os Inumeráveis Estados do Ser, no Paço Imperial (RJ), quando do lançamento do filme Imagens do Inconsciente, de Leon Hirszman, filme realizado a partir do trabalho liderado por Nise da Silveira, no Centro Psiquátrico Pedro II. Após a aposentadoria compulsória e, posteriormente, à sua morte, os trabalhos não sofreram solução de continuidade e o Museu continua exercendo seu trabalho. De outra parte, em 1956, com a colaboração de colegas, funda a Casa das Palmeiras, clínica de reabilitação para doentes mentais, em regime de externato, que utiliza as atividades expressivas como principal método terapêutico. De abril de 1957 a março de 1958, realiza estudos no Instituto C.G. Jung, de Zurique, para onde retornaria em outubro de 1961 até julho de 1962. Nessa mesma instituição, em 1964, participa, durante três meses, do trabalho de Exchange of Research Workers Grant, da Organização Mundial de Saúde. Promove a publicação da revista Quaternio, a partir de 1965, editada pelo Grupo de Estudos C. G. Jung. Funda, em 1968, o Grupo de Estudos do Museu de Imagens do Inconsciente, bem como, em 1969, o Grupo de Estudos C.G. Jung, que vinha se reunindo informalmente desde 1954.
Em 14 de julho de 1975, aposenta-se, deixando sua função na Divisão Nacional de Saúde Mental, do Ministério da Saúde. Promoveu e realizou inúmeros seminários e conferências. Em junho/julho de 1975, organiza as comemorações do centenário de C.G. Jung, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro, com exposições de pinturas do Museu de Imagens do Inconsciente, tendo proferido a palestra C. G. Jung na Vanguarda de uma Civilização em Transição. Sobre o tema Imagens do Inconsciente, realiza, em outubro de 1976, um ciclo de seis palestras, sob o patrocínio da Associação Médica do Rio de Janeiro. Professora Honoris Causa da Escola de Ciências Médicas de Alagoas, sócia honorária da Sociedade de Medicina de Alagoas (1989) e membro emérito da Academia Alagoana de Medicina. Patrono da cadeira nº 29 da APHLA Internacional. A partir dos seus trabalhos, foram criadas as seguintes instituições: Association Nise da Silveira - Images de l’Inconscient, Paris; Museo Attivo delle Forme Inconsapevoli, Gênova; Centro de Estudos Nise da Silveira, Juiz de Fora (MG); Museu Nise da Silveira, na Colônia Juliano Moreira, Rio de Janeiro.
Obras:
Fonte: ABC das Alagoas de Francisco Reynaldo Amorim de Barros / http://www.historiadealagoas.com.br
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.