Ruas de Maceió

Informações

Tipo Logradouro: Rua
Nome Logradouro: Manoel Lisboa de Moura
Bairro: Riacho Doce
Lei Municipal: 3111 - 05/10/1983 Observação - LOT.GURGURY RUA "F"
Lei Municipal: 3111 - 05/10/1983
Observação: LOT.GURGURY RUA "F"

História


Também no Loteamento Parque dos Eucaliptos - Tabuleiro do Martins

Manoel Lisboa de Moura nasceu em Maceió, no dia 21 de fevereiro de 1944.
Preocupado com os problemas sociais brasileiros, Manoel iniciou suas atividades políticas ainda jovem, participando do movimento estudantil secundarista no antigo Colégio Liceu Alagoano (posteriormente transformado em Colégio Estadual de Alagoas). Ele era membro do Conselho Estudantil. A atuação desse Conselho conquistou melhorias para a qualidade de ensino, possibilitando o surgimento de um ambiente cultural estimulante.
Manoel também integrou a União Estadual dos Estudantes Secundários de Alagoas (UESA), onde eram debatidos temas relacionados com o quadro social do País. A entidade promovia eventos culturais e Manoel participou do Movimento de Cultura Popular. Também foi o ator, na peça João da Silva, obra com forte teor político, encenada nas ruas e sindicatos de Alagoas.
Ele participou de uma passeata em defesa das liberdades democráticas, realizada dia 29 de março de 1964 pelo Comando Geral dos Trabalhadores de Alagoas. A Polícia Militar bloqueou várias ruas de Maceió e comandos paramilitares ameaçaram com armas os manifestantes. Apesar da intimidação, o ato público foi realizado.
Manoel pertenceu à Juventude Comunista de Alagoas e foi militante do Partido Comunista Brasileiro (PCB) e do Partido Comunista do Brasil (PCdoB).
À época do Golpe Militar de 1964, era estudante do 1° ano de medicina da Universidade Federal de Alagoas. Com o novo regime instaurado, sua casa foi invadida por homens armados de metralhadora que queriam prendê-lo. Ele fugiu para Recife e de lá foi para o Rio de Janeiro, onde morou por mais ou menos um ano.
No início de 1965, voltou a Recife e se apresentou as autoridades policiais. Durante os 45 dias dessa sua primeira prisão, ele sofreu espancamentos e maus-tratos. Foi libertado graças à interferência de seu irmão Carlos Cavalcante, engenheiro e então capitão do Exército. Carlos o levou para trabalhar na Companhia de Eletricidade do Nordeste (CERNE), onde era diretor. Mas Manoel já era um cidadão marcado pela repressão política. Ele era constantemente convocado a prestar esclarecimentos sobre todo e qualquer ato considerado subversivo que ocorresse em Recife. Por fim, foi aberto um processo criminal, no qual Manoel era acusado de explodir uma bomba nas instalações da CERNE. Segundo sua esposa Selma Bandeira, o processo era uma farsa montada para incriminá-lo. Ele não admitia ser preso por um crime que não havia cometido e no dia 02 de setembro de 1966 resolveu fugir e viver clandestinamente.
Nesta época também radicalizou sua posição política, fundando o PCR (Partido Comunista Revolucionário) do qual era dirigente e líder. No princípio, o Partido atuava junto a camponeses, depois com a organização de operários. Editava ainda o jornal clandestino "A Luta", de forte oposição e denúncias à ditadura militar.
Manoel foi preso pela segunda vez no dia 16 de agosto de 1973, quando conversava com uma operária da fábrica Torre, na Praça lan Fleming, no Bairro de Casa Amarela, em Recife. Ele foi levado ao CODI do IV Exército e imediatamente submetido a torturas. Foi visto com vida por mais ou menos 10 dias desde seu seqüestro, com o corpo cheio de queimaduras e semi-paralítico. Ainda assim, Manoel foi transferido para o DOI-CODI de São Paulo, onde continuou a ser torturado.
No dia 04 de setembro de 1973, uma nota oficial do governo, publicada nos órgãos de comunicação, informava a morte de Manoel e de mais duas pessoas, durante um tiroteio com a polícia na cidade de Moema, em São Paulo.
Sua família tentou conseguir o corpo, para ser enterrado em Maceió, mas as autoridades informaram que o caixão seria entregue lacrado e com a proibição de ser aberto. A família recusou. Sua mãe, Iracilda Lisboa de Moura, tentou esclarecer a morte do filho e recebeu um laudo médico que apontando como "causa mortis" uma hemorragia interna provocada por instrumento perfurante. Manoel morreu aos 29 anos de idade.

Fontes:
Documento da Comissão Mista do Congresso Nacional sobre a Anistia.
Discurso da Deputada Estadual Selma Bandeira, na Assembleia Legislativa Estadual de Alagoas em 09/1983.
Relatório de Selma Bandeira, sobre Manoel Lisboa de Moura em agosto de 1979.
Dossiê dos Mortos e Desaparecidos / Documento do Comité Brasileiro pela Anistia-Secção do Rio Grande do Sul/1984.
PROJETO RUA VIVA
Biografia de mortos e desaparecidos políticos Alagoanos durante a ditadura Militar.

 

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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