Ruas de Maceió

Informações

Tipo Logradouro: Rua
Nome Logradouro: Radialista Odete Pacheco
Bairro: Farol
Lei Municipal: 2025 - 24/08/1973 Observação - Antiga rua da Harmonia / Teonilo Cravo Gama
Lei Municipal: 2025 - 24/08/1973
Observação: Antiga rua da Harmonia / Teonilo Cravo Gama

História

Odete Pacheco de Albuquerque foi um dos grandes valores do rádio alagoano. Fundadora da Rádio Difusora de Alagoas e figura popularíssima em nosso Estado. Atuou com sucesso na Rádio Clube de Pernambuco, Recife. Seu ultimo programa foi “Onde canta o Sabiá”  que marcou época em Alagoas. Como sempre manifestou desejo de ser sepultada em sua terra natal, o povo atendeu o seu pedido.
Fonte:  Livro Memórias de minha rua – Autor:  Felix Lima Junior

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A radialista Odete Pacheco de Albuquerque nasceu em Passo de Camaragibe, Alagoas, no dia 21 de março de 1926. Era filha de Manoel Amâncio de Albuquerque e Licínia Pacheco de Albuquerque.
Já morando em Maceió e estudando no Instituto de Educação, participou da Revista Mocidade. Em 1946, além de escrever crônicas, auxiliava na direção da publicação. Uma rápida pesquisa na coleção da revista encontrou as crônicas “Pai João“, “Desperta, Brasil” e “O samba não morre“.
Concluiu no Instituto de Educação o curso de Pedagogia em dezembro de 1947. Na colação de grau foi a oradora da turma. Não há informações se exerceu a profissão de professora em algum momento de sua vida.
Em um jornal de 4 de março de 1948 há o registro da participação de Odete Pacheco e Alcides Teixeira na locução do programa Hora dos Calouros, no auditório do Colégio Guido. Como a Rádio Difusora de Alagoas só foi inaugurada no dia 16 de setembro deste mesmo ano, é provável que este tenha sido um dos seus primeiros trabalhos como radialista.
Quando a Difusora foi inaugurada, Odete Pacheco já estava contratada pela emissora oficial do Estado, tendo participado do período de testes. Não demorou e o seu trabalho passou a ser reconhecido pelo grande público e atingiu outros estados.
Em outubro de 1949, o jornal A Ordem, de Natal, Rio grande do Norte, divulgou uma nota em que Odete Pacheco agradece aos elogios publicados naquele jornal pelo Cônego José Adelino, um renomado intelectual potiguar, que aplaudiu os programas “Casamento na Roça” e “Programa Infantil“, este último apresentado por ela.
Além da locução nos estúdios e os programas de auditório, Odete Pacheco também participou de radionovelas.

Em 1950, estava entre os radioatores de “Milagre de Amor“, de Hélio Soveral. O elenco era formado por Aldemar Paiva, Ezequias Alves, Florêncio Teixeira, Jair Amaral, Arsênio Cavalcante, Haroldo Miranda, Sinay Mesquita, Vilma Campos, Vera Lúcia, Zezé de Almeida e Marlene Silva.
No dia 31 de janeiro de 1951, Arnon de Melo tomou posse no governo de Alagoas, sucedendo a Silvestre Péricles, após uma eleição muito disputada em que houve a utilização da Rádio Difusora para a campanha de Campos Teixeira, candidato derrotado de Silvestre.
Odete Pacheco, que era tida como comunista sem nunca ter nenhum vínculo com o PCB, sofreu perseguição e transferiu-se para Recife.
Nos primeiros anos da década de 1950 foi trabalhar na Rádio Clube de Pernambuco, onde comandou o programa “Só para mulheres“. Lá, mostrou a grande radialista que era “animando auditório e revolucionando a velha casa de Oscar Moreira Pinto”, como descreveu Edécio Lopes em seu livro Vaias e Aplausos.
Nesta mesma publicação, Edécio Lopes lembra que certa noite, quando ainda criança em Apoti, Pernambuco, ouvindo rádio na casa de D. Mocinha, seu filho Otoni sintonizou a Rádio Difusora de Alagoas. “Foi quando ouvi Odete Pacheco. Desejo ou profecia eu comentei com os presentes: ‘Não sei como essa locutora ainda não está na Rádio Clube‘. Sim, porque, para mim, tudo o que era bom, na região, tinha que chegar à PRA-8″.
Anos depois, Odete Pacheco voltou a Alagoas, retornou à Rádio Difusora e depois trabalhou na Rádio Progresso. Foi a primeira mulher em Alagoas a fazer cobertura jornalística de uma partida de futebol diretamente do estádio. Apaixonada por futebol e torcedora fanática do CRB, participava entusiasmadamente de debates sobre seu time.
Locutora de sucesso, comandou vários programas de auditório, entre os quais se destacam: Cantinho da Saudade, Rádio Variedades e Onde Canta o Sabiá.

Ouça AQUI um trecho do programa Cantinho da Saudade, com a participação de Sabino Romariz.
Seu amigo e contemporâneo no rádio, Cláudio Alencar, no livro Contando Histórias escreveu sobre o papel destacado da radialista: “Odete Pacheco foi uma das pessoas mais importantes da história do rádio alagoano, não apenas pelo seu talento como locutora de estúdio e de auditório. Mas pelo fato de ser mulher e, em consequência, de ter enfrentado, naquela época, fortíssimos preconceitos em relação à participação feminina em atividades radiofônicas. Odete Pacheco quebrou tabus, destruiu barreiras, abriu caminhos para que outras mulheres se animassem a trabalhar em rádio”. Para Alencar, “Odete criou estilo e escola no rádio em Maceió”.
Edécio Lopes também deixou registrado os problemas enfrentados por Odete Pacheco ao assumir a sua homossexualidade. “Ela os enfrentava com personalidade, mesmo numa época em que os conceitos eram mais radicais e a compreensão da sociedade menos amiga ou tolerante do que hoje”, testemunhou.
Em 1969, quando assumiu a direção da Rádio Difusora de Alagoas, Edécio Lopes descobriu que a radialista que fazia história em Alagoas recebia mensalmente um salário mínimo. “De logo multipliquei por cinco e regularizei a situação da grande artista, da grande animadora dos nossos auditórios”, disse, ao também recordar dela subindo vagarosamente os seis andares do Edifício Ary Pitombo, quando trabalhou na Rádio Progresso.
Em junho de 1972, após um mal-estar, foi internada na Santa Casa de Maceió onde faleceu uma semana depois. Cláudio Alencar deixou registrado que “sua morte foi muito sentida pela imensa quantidade de admiradores que foram velar o seu corpo em câmara ardente no prédio da Rádio Difusora, na Praça dos Martírios”.
No momento em que faleceu, a delegação do CRB, seu time do coração, estava embarcando no Aeroporto dos Palmares. Edécio Lopes registrou que já se encaminhava para o avião quando foi avisado da morte da amiga. Não embarcou e voltou “para chorar a sua prematura morte, num dia de tristeza intensa”.
Filas imensas se formaram para a despedida de quem “tanto fez rir, que tanto fez bem, que foi gente em excesso num espaço de vida tão pequeno”, reconheceu Edécio Lopes.
Sua sobrinha, a arquiteta e professora Elma Leite, lembra que, no início da tarde, após o velório, um cortejo de veículos seguiu para Passo de Camaragibe onde o seu corpo foi enterrado. “Muitos taxistas acompanharam o seu corpo até Passo”, recorda Elma Leite.
Dias depois, em um jogo na capital baiana entre seleções que disputava a Taça Independência no Brasil — ficou mais conhecida como Mini-Copa —, foi respeitado um minuto de silêncio em homenagem a Odete Pacheco.
Em Maceió, há uma via foi denominada Rua Odete Pacheco. Fica atrás do Cesmac da Rua Cônego Machado. É a antiga Rua da H

Fonte: Site  www.historiadealagoas.com.br
Acervo fotográfico:  de Elma Leite

 

 

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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