Livro de Cármen Lúcia Dantas e Douglas Apratto resgata os caminhos do açúcar em Alagoas
Casa-grande do Engenho Bananal, em Viçosa Uma prazerosa aula de história de Alagoas. Essa pode ser uma das definições para o livro “Caminhos do Açúcar – Engenhos e Casas-grandes das Alagoas”, assinado pela dupla de pesquisadores Cármen Lúcia Dantas e Douglas Apratto Tenório.
A obra acabou de sair da gráfica da Editora do Senado Federal e começa circuito de lançamento em setembro no Instituto Histórico e Geográfico do Rio de Janeiro, passando por Salvador e Brasília. Maceió é a última parada. A intenção é coincidir com a inauguração da nova sede do IPHAN, em Jaraguá, prevista para novembro.
Na mesma trilha dos últimos trabalhos da dupla (“Arte Sacra em Alagoas” e “A Casa das Alagoas”), o novo livro deixa de lado a rigidez do conteudo científico para convidar o leitor a um agradável passeio pelo trabalho nos engenhos, vida nas casas-grandes e manifestações culturais surgidas e enraizadas com a monocultura da cana-de-açúcar no Brasil ainda colônia de Portugal.
O percurso do livro é divido pela área de cada pesquisador. O historiador Douglas Apratto focou o ciclo do açúcar nos aspectos históricos, econômicos, as implicações sociais, além de traçar um roteiro dos engenhos alagoanos.
“Os engenhos são representantes de sistemas de vida familiar, econômica e cultural que ao longo dos séculos condicionaram o ethos da sociedade alagoana”, escreveu Douglas Apratto, que tem como ponto de partida a afirmação de Manoel Diegues Júnior de quer "a história de Alagoas é a história do açúcar”.
Cotidiano e arquitetura
Já Cármen Lúcia, na qualidade de museóloga e professora de História da Arte, direcionou o curioso olhar nas casas-grandes: características arquitetônicas, mobiliário, tipo de vida da família, as distâncias entre as classes sociais e a presença dos folguedos e outras manifestações culturais presentes no engenho.
“Em razão de trabalhos anteriores, visitamos todas as regiões do estado e vimos como a presença dos engenhos ainda é forte na arquitetura rural, apesar das irreparáveis perdas e descaracterizações. O caminho estava aberto. Decidimos ir mais fundo e registrar tudo em livro”, conta a museóloga.
Para atingir a leveza convidativa esperada pelos autores, “Caminhos do Açúcar” recebeu a sofisticada programação visual assinada por Werner Salles e as ilustrações de Weber Bagetti. Juntos, eles conseguiram harmonizar conteudo, desenhos, dezenas de fotos e cores das páginas num conjunto agradável de manusear, ver e ler.
Por Roberto Amorim - site tudonahora
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.