Há muito que se falava do talento de Júnior Almeida. Décadas. Três cedês gravados, vários sucessos locais, bons shows, voz privilegiada, composições bem elaboradas – música e letra – suas e em parcerias. Mas sempre havia a pergunta: por que ele não faz sucesso fora de Maceió?
Talvez o acaso, talvez o amadurecimento em reconhecer os limites, obstáculos e necessidades que a vida coloca a todos – inclusive aos competentes –, talvez alguém tenha dado um empurrão (literalmente)... Mas Júnior entrou no camarim do Teatro Gustavo Leite e entregou um CD para Ney Matogrosso após seu show em Maceió em 12 de maio deste ano. Alguns meses depois ele recebe a notícia por telefone. Vale destacar que ele recebeu três ligações do Rio naquele dia. Deve ter achado que era algum amigo distante e não valia a pena retornar a ligação interurbana. Retornar ligação nunca foi o forte do Júnior. Quando ligou, alguém atendeu e, após se identificar, a ligação foi passada para uma pessoa que se identificou como Ney Matogrosso. E era.
Ney avisou que gravara A Cor do Desejo em seu novo disco Beijo bandido, a ser lançado em Setembro.
O disco é quase todo o repertório do show homônimo, com exceção de duas substituições: saíram "Tema de Amor de Gabriela" e "Veleiros" para a entrada de "Nada Por Mim", de Paula Toller e Herbert Vianna e "A Cor do Desejo", de Júnior Almeida e Ricardo Guima.
Enfim, parece que a sorte está soprando a favor de quem plantou música e letra de qualidade por muito tempo. Que seja o primeiro de muitos sucessos.
A COR DO DESEJO
Júnior Almeida e Ricardo Guima
A tua boca anda oca
Da minha língua
da minha língua
A minha língua anda à míngua
Sem tua boca
sem tua boca
Exatos são os teus olhos que invadem
E me revelam teu coração
Exata é a cor do teu deserto
A dor do teu deserto
Exatos são teus beijos que me acertam
E a ti revelam meu coração
Exata é a cor do teu desejo
A dor do teu desejo
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.