Caderno 2

Por, Bairros de Maceió - 08/12/2011

Gal e Ludmila Monteiro no espetáculo DNA - Projeto Palavra Minima

QUESTÃO DE DNA
O espetáculo DNA, do projeto Palavra Mínima, apresenta Gal e Ludmila Monteiro, com participação especial de Dália Monteiro, respectivamente, mãe e filhas, mostrando a música e a poesia de duas gerações irremediavelmente reunidas pela arte.



No dia 16 de dezembro, a partir das 20 horas, o teatro Linda Mascarenhas recebe a última apresentação deste ano do projeto Palavra Mínima, com o espetáculo DNA, protagonizado por Gal Monteiro e Ludmila Monteiro, contando com a participação de Dália Monteiro e os músicos Deyves, José Rocha e Wilson Miranda.

O Palavra Mínima é uma realização do Instituto Zumbi dos Palmares (IZP) e Cooperativa dos Trabalhadores da Música de Alagoas (Comusa) e se propõe a apresentar uma interação natural entre música e poesia, fazendo dessas duas linguagens uma única expressão. O público aprovou a “mistura” sugerida pelas duas instituições e vem lotando o teatro, conferindo e prestigiando os “santos de casa” que, nesse caso, têm feito o milagre de multiplicar os parcos recursos de que dispõem para dividir, com o público, informações culturais tão preciosas.

Contudo, ao contrário do que pode parecer, a interação entre duas linguagens artísticas não é tarefa fácil. Especificamente em relação à poesia e música – apesar de uma estar, quase sempre, acompanhada da outra – existe o desafio de dosar os conteúdos de uma e de outra; ambientá-las num mesmo conconteudo sem privilegiar uma, em detrimento da outra; otimizar a contracena entre os atores que dividem o mesmo palco.

“Sou de um romantismo às vezes cáustico e démodé para os padrões” (Ludmila Monteiro)

Pois bem, Gal Monteiro e Ludmila Monteiro vão enfrentar esse desafio apresentando, obrigatoriamente, outra faceta do trabalho artístico que as une: o fato de serem mãe e filha, o que suscita questionamentos e sentimentos diversos, tanto no público, quanto nas duas artistas. É coisa de DNA? Destino? Influência?

Parece que é de tudo um pouco. DNA sim, e isso a jovem poetisa e estudante de jornalismo Ludmila, tem dos dois lados, afinal é filha também do músico/compositor Sóstenes Lima. Destino? Quem sabe? Às vezes o destino pode ser definido como estar no lugar certo, na hora exata, o que, naturalmente, acentua a ação dos astros.

Influência? Definitivamente sim! Mas, diferente do que se pode imaginar – a mãe influenciando a filha – essa verdade é mútua e contínua. Desde sempre, talentosa para as letras e acompanhando Gal Monteiro nas andanças pelo jornalismo e pelas artes, Ludmila não poderia ficar incólume à inspiração que transita nesses dois universos e se mistura, indistintamente, entre os protagonistas dessas cenas.
É mútua porque, nesse mesmo “desde sempre”, Gal confessa ter aprendido com a filha, testemunhando o nascimento de um estilo próprio na escrita da poetisa – que aos nove anos teve um livro de poemas publicado pela escola; na dedicação que demonstrou a toda sorte de leitura, ainda criança. Portanto, há sim, ao mesmo tempo, uma simbiose e uma auto-superação que, em Ludmila, vai além das primeiras influências.

Os contos, crônicas, poemas e letras de música de Ludmila – caprichosamente postados nos blogs AmorTeceDor e Absurdomudo – transcendem a singela inocência dos caderninhos de poesia que os adolescentes quase sempre cultivam. Embarcam num quê de modernidade precoce, esboçada, sem rodeios e com simplicidade, na crônica do cotidiano: “sou de um romantismo às vezes cáustico e démodé para os padrões”, diz Ludmila.

“Acho que toda arte é assim: expressa universos diferentes que nem sempre a gente revela” (Gal Monteiro)

Gal Monteiro é jornalista, radialista, compositora, cantora e escritora, apesar de descartar as duas últimas qualificações: “sou apenas uma pessoa para quem a literatura e a música são imprescindíveis e, bem, ou mal, me arrisco nesses dois terrenos, pelo simples prazer que essas expressões, generosamente, me concedem. Eu digo sempre que a arte salva, que a gente precisa dela pra viver e não apenas sobreviver”.

Atuando em várias frentes da arte e do jornalismo – Coretfal, editoria da revista Matéria Prima, Pontos de Cultura, jornais impressos, atualmente TV e rádio Educativa – Gal às vezes surpreende e se surpreende, mostrando novas facetas em sua trajetória. Foi o que aconteceu na apresentação do parceiro Deyves, no Palavra Mínima, quando a jornalista “saiu da casca” e vestiu diversos personagens para, pela primeira vez, recitar seus versos em público. “Pode não parecer, mas sou tímida, tremo de medo do público. Fiquei muito nervosa, mas na hora que me maquiei e troquei de roupa, resolvi que seria outra pessoa: aquela que vivenciou os conteudos a serem recitados. Ajudou muito”, confessa Gal.

Autora de um único livro “Se eu calar você me esquece, se eu contar você me abraça” – vencedor do Prêmio Alagoas em Cena/2007, na categoria Literatura/Contos – Gal escreve desde menina, quando mantinha, guardados a sete chaves, cadernos de poema e diários onde descrevia o dia a dia em detalhes.

Cresceu e virou jornalista, como sempre quis ser. O rádio, onde atua há 12 anos, apresentando o programa Vida de Artista, na Educativa FM, é uma paixão de infância. Há dois anos o programa passou a ser transmitido também pela TV Educativa, o que foi considerado mais um desafio para quem preferia estar nos bastidores da emissora.

Em DNA, Gal vai mostrar, além de músicas que sempre integram seu repertório, composições suas em parceria com Deyves, Júnior Almeida, Luiz Martins e João Neto, algumas delas vencedoras de festivais de música locais. São letras intimistas, às vezes líricas, às vezes irônicas e mordazes, mas sempre intensas: “o que escrevo é mais ou menos o que eu sou. Acho que toda arte é assim: expressa universos diferentes que nem sempre a gente revela”, diz Gal Monteiro.

Pode-se dizer, então, que Gal e Ludmila são parceiras de longas dataas, o que deverá tornar a apresentação ainda mais instigante e prazerosa para os dois lados: o palco e a plateia.

Serviço:
O quê: Projeto Palavra Mínima apresentando Gal Monteiro e
          Ludmila Monteiro no espetáculo “DNA”
Quando: dia 16 de dezembro (sexta-feira), às 20 horas
Onde: Teatro Linda Mascarenhas (vizinho ao CEPA)
Informações e ingressos: no local e pelos números: 9645-1118
                                          e 9988-3704







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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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