Caderno 2

Por, Bairros de Maceió - 06/01/2014

Resultado do XX Concurso Nacional de Poesias 2013

Os poemas inscritos foram julgados através de notas. Os poetas jurados: Ana Paula Alves Generoso (Mestranda em Literatura Brasileira), Wagner Torres (poeta, e editor da Plurarts Cultura & Arte) e Rogério Salgado (poeta criador realizador do Belô Poético-Encontro Nacional de Poesia e homenageado nesse concurso) deram notas de 01 a 10 a cada poema inscrito.

Segue, portanto, o resultado final após a soma das notas, incluindo uma menção honrosa, pelos jurados acharem que havia merecimento.

 

Prêmio: Cipriano Jucá

Coordenação: Ari Lins Pedrosa

 1° Lugar

 ANTES DO FIM

 Dei um nó na saia
 E a enchi de versos
 Palavras, poemas
 Que lia, relia.
 Querendo decorar

 Pus um saco nas costas
 E enchi de livros
 Contos romances
 Que começaram a pesar
 E não pude carregar

 Sentei à beira da calçada
 Cobri minha bagagem
 Com as mãos,
 Temendo que o tempo
 Que tudo destrói,
 Corroesse o tesouro
 Que eu queria preservar

 Corri apressada
 E disse ao meu bisneto
 Que acabava de nascer
 Crença, depressa, meu menino.
 E tome conta dos meus livros
 Eles são tudo para mim.

- Maria Margarida Ambrósio de Mesquita –  Maceió-AL

 2° Lugar.

 INTENSIDADE

 Propulsão exaladora
 do sentimento humano
 entre corpos ardentes
 do desejo íntimo.

 A matéria dilacera vísceras,
 no imaginário do prazer.
 como um vulcão expelindo larvas
 em suor ardente, escorrendo na epiderme.

 Intensidade arrebatadora
 dos sentimentos íntimos
 expresso na verbalidade
 de uma língua sedenta.

 Complacência dos seres
 na degustação da carne viva,
 como abutres ou felinos,
 sem odor, dor, mas de puro prazer.

- Ricardo Tadeu Feitosa Bezerra – João Pessoa - PB

 3° Lugar.

 ROSAS DE FERRO

 Esculpir a poesia em fios de ferro
 No alicate das próprias mãos,
 Na forja, no fogo, no jogo do coração...
 Modelar a palavra com sabedoria,
 Dar lida insana, cotidiana, oficina da emoção!
 A mão, delicada e pura,
 Modelando o prazer de fazer,
 O verso faminto que ora sinto,
 À luz da manhã que inicia silenciosa.
 Apalpar a poesia e o enigma,
 Na perplexidade de criar do ferro bruto
 Rosas modeladas em brasa viva.
 Compor a fachada da alma
 De um templo ornado de magia interior...
 Esconder em páginas vibrantes
 As ideias gigantes de um escultor,
 Em sua hora plena de criação...
 Ultrapassar o tempo
 De um mundo para outro,
 Enquanto a descoberta da felicidade
 Embriaga-nos e enlouquece!
 E não há cansaço ao fundir as rosas,
 As rosas em versos da minha emoção,
 Sublime centelha, minha inspiração!

- Amélia Marcionila Raposo da Luz – Pirapetinga-MG

 



 Menções Honrosas:

 GUARDO E AGUARDO UM POEMA

 Guardo um poema aquecido,
 Esquecido, empoeirado,
 Entre os livros da estante da sala,
 Ao som incessante da chuva forte que cai...

 Guardo um poema
 Cheio das coisas peculiares,
 Dos lugares inesquecíveis,
 Da infância querida que não volta mais...

 Guardo um poema
 Onde deixei as minhas primícias e heranças,
 Na lápide intocável da minha memória...

 Guardo um poema
 Ora objetivo,
 Ora contraditório,
 Verdadeiro, preferido...

 Guardo e aguardo um poema
 Onde coloquei e colocarei:
 O barulho rotineiro,
 A tranquilidade rara
 Nos morros íngremes,
 As curvas constantes da minha Volta Redonda,
 Lugar dos meus encontros e encantamentos!

- Jean Carlos Gomes – Volta Redonda - RJ

 



 ADVERSAS

 Com tantos aromas
 Os ares enfeitam
 Os respiros,
 Mas fedem excrementos
 De econômicos feitos.

        Com gostosos sabores
        Os pratos enfeitam
        As refeições,
        Mas ferem excessos
        Os frágeis corações.

 Com coloridas luzes
 As salas lotam
 Os festejos,
 Mas bebem bocas
 Os alcoóis do perigo.

        Com inefáveis sons
        As ondas vibram
        As emoções,
        Mas mentiras machucam
        As relações.

 Com suaves intenções
 Os toques atingem
 Superfícies corpóreas,
 Mas assédios ferem
 Os sentimentos.

- Roque Aloisio Weschenfelder – Santa Rosa – RS

 



 MARIBÁ

 Maribá foi uma sombra
 Esquecida no varal do tempo.
 Invisível ao mundo
 vivia pelos cantos
 varrendo a casa
 sussurrando
 “ Sou Maribá. Sou Maribá”
 Duas mariposas
 invadiam segredos
 de luz
 uma mosca de asas
 amarelas
 pousava na claridade
 branca do açúcar.

 “ Sou Maribá. Sou Maribá”
 Só Deus e a vassoura
 sabem de Maribá.
 Talvez
 nem Deus.
 Só a vassoura.
 Um desvão torto
 ( do mundo )
 habita Maribá
 e a sua voz
 escoa
 pelos leitos secos dos rios
 onde pedras imóveis
 não mais ecoam
 sussurros de águas.

 Um silêncio enorme
 acomoda-se no seu corpo
 e ela caminha nas pontas dos pés
 buscando aquela essência etérea
 só conhecida pelas sombras.
 “ Sou Maribá. Sou Maribá “

- Antonio Rosalvo Accioly – Nova Friburgo – RJ

 



 VÍCIO POR VÍCIO

 Fumar, não fumo mais.
 Trinta anos.
 Houve o vício do noviço:
 Saratoga, Mistura Fina, Astória.
 Filtro a memória,
 neblina tragando a fumaça,
 o alcatrão, a nicotina.
 A pose, o gesto, sim.
 O sorriso da menina, sim.
 Continental, Hollywood, Minister.

 Um belo dia. Ah! Um belo dia.
 Mais uma tentativa?
 Daquela vez deu certo:
 finalmente Free.
 Da janela do meu quarto
 não via mais a Tabacaria do outro lado da rua,
 como diria Pessoa.
 Longe do cigarro,
 da tosse, do pigarro,
 dei vez ao coração,
 ao riso da mulher.
 Liberei meus pulmões para todas as primaveras.
 Os temores se foram,
 e veio o verão, o outono, o inverno.
 Deixei de fumar,
 mas acho que preciso beber mais.

- Augusto Sérgio Bastos – Rio de Janeiro – RJ

 


 


 LEVANDO A VIDA

 Lendo Leminski
 durmo drummond
 acordo pessoa
 de boa.

- Denivaldo Piaia – Campinas –SP

 



 FELICIDADE

 Procuro a felicidade
 Dentro da realidade
 Sem infidelidade
 Dentro da honestidade.

 Busco na Filosofia
 a harmonia
 De ser feliz um dia
 sem tanta agonia.

 É com habilidade
 que acredito na
 humanidade
 vivendo em irmandade
 criando credibilidade.

 Olhando a flor que
 florecia
 jurei que um dia
 iria encontrar uma
 companhia
 que me faria viver em
 maestria.

- Alexsandra Figueiredo – Maceió-AL



 Maceió, 19 de novembro de 2013

 Ari Lins Pedrosa

 Coordenador do Concurso

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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