Os poemas inscritos foram julgados através de notas. Os poetas jurados: Ana Paula Alves Generoso (Mestranda em Literatura Brasileira), Wagner Torres (poeta, e editor da Plurarts Cultura & Arte) e Rogério Salgado (poeta criador realizador do Belô Poético-Encontro Nacional de Poesia e homenageado nesse concurso) deram notas de 01 a 10 a cada poema inscrito.
Segue, portanto, o resultado final após a soma das notas, incluindo uma menção honrosa, pelos jurados acharem que havia merecimento.
Prêmio: Cipriano Jucá
Coordenação: Ari Lins Pedrosa
1° Lugar
ANTES DO FIM
Dei um nó na saia
E a enchi de versos
Palavras, poemas
Que lia, relia.
Querendo decorar
Pus um saco nas costas
E enchi de livros
Contos romances
Que começaram a pesar
E não pude carregar
Sentei à beira da calçada
Cobri minha bagagem
Com as mãos,
Temendo que o tempo
Que tudo destrói,
Corroesse o tesouro
Que eu queria preservar
Corri apressada
E disse ao meu bisneto
Que acabava de nascer
Crença, depressa, meu menino.
E tome conta dos meus livros
Eles são tudo para mim.
- Maria Margarida Ambrósio de Mesquita – Maceió-AL
2° Lugar.
INTENSIDADE
Propulsão exaladora
do sentimento humano
entre corpos ardentes
do desejo íntimo.
A matéria dilacera vísceras,
no imaginário do prazer.
como um vulcão expelindo larvas
em suor ardente, escorrendo na epiderme.
Intensidade arrebatadora
dos sentimentos íntimos
expresso na verbalidade
de uma língua sedenta.
Complacência dos seres
na degustação da carne viva,
como abutres ou felinos,
sem odor, dor, mas de puro prazer.
- Ricardo Tadeu Feitosa Bezerra – João Pessoa - PB
3° Lugar.
ROSAS DE FERRO
Esculpir a poesia em fios de ferro
No alicate das próprias mãos,
Na forja, no fogo, no jogo do coração...
Modelar a palavra com sabedoria,
Dar lida insana, cotidiana, oficina da emoção!
A mão, delicada e pura,
Modelando o prazer de fazer,
O verso faminto que ora sinto,
À luz da manhã que inicia silenciosa.
Apalpar a poesia e o enigma,
Na perplexidade de criar do ferro bruto
Rosas modeladas em brasa viva.
Compor a fachada da alma
De um templo ornado de magia interior...
Esconder em páginas vibrantes
As ideias gigantes de um escultor,
Em sua hora plena de criação...
Ultrapassar o tempo
De um mundo para outro,
Enquanto a descoberta da felicidade
Embriaga-nos e enlouquece!
E não há cansaço ao fundir as rosas,
As rosas em versos da minha emoção,
Sublime centelha, minha inspiração!
- Amélia Marcionila Raposo da Luz – Pirapetinga-MG
Menções Honrosas:
GUARDO E AGUARDO UM POEMA
Guardo um poema aquecido,
Esquecido, empoeirado,
Entre os livros da estante da sala,
Ao som incessante da chuva forte que cai...
Guardo um poema
Cheio das coisas peculiares,
Dos lugares inesquecíveis,
Da infância querida que não volta mais...
Guardo um poema
Onde deixei as minhas primícias e heranças,
Na lápide intocável da minha memória...
Guardo um poema
Ora objetivo,
Ora contraditório,
Verdadeiro, preferido...
Guardo e aguardo um poema
Onde coloquei e colocarei:
O barulho rotineiro,
A tranquilidade rara
Nos morros íngremes,
As curvas constantes da minha Volta Redonda,
Lugar dos meus encontros e encantamentos!
- Jean Carlos Gomes – Volta Redonda - RJ
ADVERSAS
Com tantos aromas
Os ares enfeitam
Os respiros,
Mas fedem excrementos
De econômicos feitos.
Com gostosos sabores
Os pratos enfeitam
As refeições,
Mas ferem excessos
Os frágeis corações.
Com coloridas luzes
As salas lotam
Os festejos,
Mas bebem bocas
Os alcoóis do perigo.
Com inefáveis sons
As ondas vibram
As emoções,
Mas mentiras machucam
As relações.
Com suaves intenções
Os toques atingem
Superfícies corpóreas,
Mas assédios ferem
Os sentimentos.
- Roque Aloisio Weschenfelder – Santa Rosa – RS
MARIBÁ
Maribá foi uma sombra
Esquecida no varal do tempo.
Invisível ao mundo
vivia pelos cantos
varrendo a casa
sussurrando
“ Sou Maribá. Sou Maribá”
Duas mariposas
invadiam segredos
de luz
uma mosca de asas
amarelas
pousava na claridade
branca do açúcar.
“ Sou Maribá. Sou Maribá”
Só Deus e a vassoura
sabem de Maribá.
Talvez
nem Deus.
Só a vassoura.
Um desvão torto
( do mundo )
habita Maribá
e a sua voz
escoa
pelos leitos secos dos rios
onde pedras imóveis
não mais ecoam
sussurros de águas.
Um silêncio enorme
acomoda-se no seu corpo
e ela caminha nas pontas dos pés
buscando aquela essência etérea
só conhecida pelas sombras.
“ Sou Maribá. Sou Maribá “
- Antonio Rosalvo Accioly – Nova Friburgo – RJ
VÍCIO POR VÍCIO
Fumar, não fumo mais.
Trinta anos.
Houve o vício do noviço:
Saratoga, Mistura Fina, Astória.
Filtro a memória,
neblina tragando a fumaça,
o alcatrão, a nicotina.
A pose, o gesto, sim.
O sorriso da menina, sim.
Continental, Hollywood, Minister.
Um belo dia. Ah! Um belo dia.
Mais uma tentativa?
Daquela vez deu certo:
finalmente Free.
Da janela do meu quarto
não via mais a Tabacaria do outro lado da rua,
como diria Pessoa.
Longe do cigarro,
da tosse, do pigarro,
dei vez ao coração,
ao riso da mulher.
Liberei meus pulmões para todas as primaveras.
Os temores se foram,
e veio o verão, o outono, o inverno.
Deixei de fumar,
mas acho que preciso beber mais.
- Augusto Sérgio Bastos – Rio de Janeiro – RJ
LEVANDO A VIDA
Lendo Leminski
durmo drummond
acordo pessoa
de boa.
- Denivaldo Piaia – Campinas –SP
FELICIDADE
Procuro a felicidade
Dentro da realidade
Sem infidelidade
Dentro da honestidade.
Busco na Filosofia
a harmonia
De ser feliz um dia
sem tanta agonia.
É com habilidade
que acredito na
humanidade
vivendo em irmandade
criando credibilidade.
Olhando a flor que
florecia
jurei que um dia
iria encontrar uma
companhia
que me faria viver em
maestria.
- Alexsandra Figueiredo – Maceió-AL
Maceió, 19 de novembro de 2013
Ari Lins Pedrosa
Coordenador do Concurso
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.