Foram destaques a ida de 450 estudantes da rede pública ao teatro, os 300 kg de alimentos doados às instituições sociais da cidade, o aumento da ocupação hoteleira, e a programação formadora com professores e músicos do Brasil e do exterior
A edição 2022 do Festival de Música de Penedo movimentou a economia da cidade, quebrou barreiras geográficas e históricas, promoveu a acessibilidade e a gratuidade para a população, além de ter sido a mola propulsora de diversos acontecimentos marcantes nos campos da arte, educação e cultura na comunidade. Tendo em vista o retorno do trabalho desenvolvido e pelo sucesso alcançado, o Festival, hoje, é considerado um dos maiores e melhores eventos do Nordeste.
O Festival é uma realização da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), através do Centro de Musicologia de Penedo, em parceria com Governo do Estado de Alagoas e Prefeitura Municipal de Penedo, Patrocínio Sebrae. Como parceiros, temos o Laboratório de Musicologia (Lamus), Centro de Estudos de Sociologia e Estética Musical (Cesem), Confederação Musical Portuguesa, Arizon State University, Miami University, República Portuguesa, Bureau de Comunicação Comunitária, tendo como bolsistas os estudantes de Jornalismo e Relações Públicas, Jamerson Soares e Servio Túlio; Keka Rabelo Comunicação e a Agência Experimental de Relações Públicas da Ufal (Agerrp-Ufal).
Durante os quatro dias de evento, que começou no dia 19 e terminou no dia 22 de outubro, os penedenses prestigiaram recitais, workshops, shows musicais, retretas, oficinas, blocos de frevo, desfiles de bandas, concertos abertos e didáticos com músicos e professores de Alagoas, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Estados Unidos, Portugal, Bahia, entre outros.
Foram realizadas 27 oficinas instrumentais e especiais, 20 atrações e shows, com a participação de mais de 100 artistas e profissionais da música, incluindo equipe de som, maquinário, iluminação e produção dos artistas.
As redes sociais do Festival também foram movimentadas com stories, que chegaram a quase mil visualizações por dia, postagens e coberturas de cada ação e atividade realizadas em Penedo. No total, durante o festival, o alcance no Instagram do evento chegou a 6.449. Em 14 dias, contando 10 dias antes do festival e os 4 dias de evento, foi de 12.549. Em 30 dias, foi de 13.193. Quase 800 pessoas começaram a seguir o perfil do Instagram do Festival.
Esses convidados foram acolhidos e tiveram seus trabalhos banhados pelo Velho Chico, que, tímido, quieto, ouvia e contemplava a magia das centenas de instrumentos que caminhavam pelas ruas históricas de Penedo. Em todos os mais de seis locais de cultura, a exemplo do Largo de São Gonçalo, o Teatro Sete de Setembro, as igrejas, a Casa de Aposentadoria, o Centro de Convenções, além da própria rua, havia um público diversificado e participativo. Mais de 3 mil pessoas, entre turistas, moradores, transeuntes e convidados, estiveram presentes no Festival.
O evento foi um sucesso porque, além de estimular a inclusão e a formação educacional de mais de 600 participantes de oficinas, também foi agente social de transformação e um ponto essencial de solidariedade. Um dos resultados que se pode citar, é a coleta e distribuição de 300 kg de alimentos às instituições sociais da cidade.
As atividades pedagógicas também geraram mais de 500 certificações e mais de 6 mil horas registradas. Além do show de abertura protagonizado por Guilherme Arantes, um dos músicos e cantores mais renomados do Brasil, que emocionou mais de 700 pessoas presentes no auditório do Centro de Convenções. Nesse mesmo local, 450 estudantes da rede pública de Penedo também se animaram com a Orquestra dos Meninos de São Caetano (PE), sob regência do maestro Mozart Vieira.
O Festival foi dividido em três programações: a pedagógica, composta por formações em diversos instrumentos e assuntos, como o fagote, a percussão, trompete, trombone, flauta, canto coral, dança, dentre outros; a científica, com a realização o I Fórum Afro-brasileiro Musical do Velho Chico, o III Fórum Alagoano de Educação Musical e o V Encontro Cemupe de Musicologia, publicações acadêmicas na revista Musifal, e o Encontro de Maestros do
Movimento Viva a Banda.
E a artística, com a Feira de Música, que promoveu a apresentação da Banda de Pífano Esquenta Muié (AL), o Palco da Música, que trouxe músicos como Maestro Spok (PE), grupo Garagem (BA), Mel Nascimento (AL), Rafaela Quintino (AL), Iberian Ensemble (Portugal), Lucas Thomazinho, Quinteto Olympea e muito mais.
Uma grande estreia no Festival também foi a I Mostra de Música Autoral do Velho Chico, que levou ao palco do Centro de Convenções 14 compositores e cantores de Alagoas. As composições escolhidas foram apresentadas para os mais de 50 presentes. Outra grande reestreia foi a volta da Orquestra da Ufal aos palcos após quase três anos de pandemia, em que estavam sem realizar apresentações.
Para Marcos Moreira, coordenador do Festival, o evento foi um sucesso e houve momentos emocionantes, como o cortejo afro do grupo Abí Axé, do campus Sertão-Ufal. Ele acredita que todas as atividades foram destaques e incentivaram ainda mais a união entre as diferentes vertentes.
“Esta edição foi uma das melhores edições que já tivemos em Penedo. Foi um marco extraordinário para mim e para quem sonhou comigo. Não estive sozinho nessa, construímos e realizamos de forma coletiva, sempre utilizando de diversas mãos para sustentar a cultura musical na cidade”, disse o professor, que também revelou qual foi a ocasião que o deixou emocionado.
“Teve vários momentos que eu me encantei, como o cortejo do grupo Abí Axé, o frevo de rua provocado pelos maestros Mozart e Spok. Mas o que me deixou com lágrimas nos olhos, foi ver as 450 crianças da rede pública de Penedo presentes no Centro de Convenções. Havia criança que nunca tinha pisado em um teatro e nunca tinha visto um concerto. Para mim isso foi gratificante”, afirmou Marcos Moreira.
Recorde de ocupação hoteleira e consumo
Durante os dias de festival, houve um grande aumento na ocupação hoteleira e no consumo em locais de alimentação da cidade. As informações são da Secretaria Municipal de Turismo (Setur) de Penedo. A taxa de ocupação chegou a 92%, do dia 18 ao dia 23 de outubro.
Em comparação com o mesmo período do ano passado, a utilização de 561 vagas de hotéis e pousadas é recorde, sem contar os 150 músicos dos diversos grupos convidados que foram acolhidos em alojamentos.
Ainda segundo a Setur, oito restaurantes e pizzarias foram avaliados com média de aumento de consumo de, aproximadamente, 45% no período de quarta (19) até sábado (22), último dia do evento.
Cadeia produtiva do Festival
Para a produção e a execução de um evento de grande porte como o Festival de Música de Penedo, houve muito trabalho, suor, mãos levantando pesos de cadeiras, mesas, organizando o som, os palcos, e braços unidos, com os únicos objetivos de celebrar a diversidade e registrar a memória cultural de uma comunidade.
Centenas de pessoas trabalharam para manter o Festival durante os quatro dias. Cerca de 20 monitores dos cursos de Teatro, Música, Dança, Turismo, Ciências Biológicas, de Maceió e Penedo, foram selecionadas para ajudar no evento. Além disso, teve também a participação dos professores e estudantes de Música da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), com o apoio da professora Débora Borges, coordenadora do curso, e do professor Flávio Ferreira, vice-coordenador.
Anna Rodrigues foi a produtora do Festival e desde edições anteriores exerce a função. Segundo a produtora, este ano o festival cresceu e se desenvolveu, e que foi um grande desafio.
“Para a produção foi um desafio trabalhar com os diversos lugares, pessoas e atrações. Sempre acreditei que produzir é lidar com relacionamentos. Público, artista, governo, fornecedor, equipe, pessoas das mais diversas, mundos dos mais complexos. Esse festival me mostrou que a força da música está nas pessoas”, disse Anna Rodrigues.
Outra pessoa que dirigiu os palcos montados tanto no Largo São Gonçalo quanto no Centro de Convenções, foi João Carlos. Ele é produtor e diretor de palcos. Para o profissional, foi uma honra fazer a produção de palco do grande artista Guilherme Arantes, como também do saxofonista Derico Sciotti, e também disse que o norte para uma boa produção é o profissionalismo.
“É de suma importância a gente ter uma visão diferenciada para poder atender esses profissionais da música, que já vem há anos realizando os trabalhos. E quando eles vêm para Alagoas, os artistas querem o mínimo de profissionalismo. Então, o diretor de palco serve para isso, para deixar os artistas à vontade. A gente prepara todo o terreno para que o artista se desenvolva da melhor forma, com amor e carinho. Todos os artistas que passaram por esse palco foram tratados muito bem. Me sinto lisonjeado em participar e contribuir para o sucesso do festival”, disse.
Davi Jonas, músico e professor de canto, também participou da organização do evento. A função dele foi de assistente de produção e coordenador de monitoria. Ele contou que trabalhou como monitor nos últimos três anos de Festival, organizando salas. Para Davi, o trabalho em equipe é fundamental para o crescimento de um projeto.
“Ser monitor é como acolher e receber à mesa para que todos se sintam bem recebidos. É entregar o festival na sua parte educadora e científica de forma agradável. É dizer para o profissional convidado e seus participantes que eles estão e serão assistidos. Acredito que é na troca de saberes que desenvolvemos o compromisso com o conhecimento e a vida das pessoas”, disse o músico, que também revelou que sentiu medo de assumir a função no início, mas foi o compromisso com o conhecimento e a vida das pessoas que o motivou a continuar.
“Senti medo no início, mas tinha que desenvolver bem essa função que me foi confiada, e fazer com que todos fizessem um bom trabalho e entregasse sua parte do festival. Aprendi nessa experiência que por mais temeroso e difícil que pareça ser um novo trabalho e uma nova dinâmica na vida, é possível realizar com foco no objetivo desempenhando um bom trabalho e construindo uma boa equipe”, concluiu.
Manuela Callou, professora de Relações Públicas e coordenadora do Bureau de Comunicação, parceiro do evento, era responsável por revisar os materiais de texto de divulgação do festival que chegavam para ela. A professora acredita que o trabalho de comunicação foi fundamental para atingir a repercussão do evento na mídia.
"O Bureau de Comunicação, através do trabalho, comprometimento desenvolvido por nós, com a coordenação de campo de Keka Rabelo e pelos estudantes Jamerson Soares e Sérvio Túlio, foram fundamentais para atingir a repercussão na mídia sobre o Festival, fortalecendo a memória desse evento histórico e valorizando a cultura de Penedo e de todas as atrações artísticas que estiveram presentes", disse Manuela Callou.
Diversas matérias e releases foram feitos por meio do Projeto de Extensão Bureau de Comunicação Comunitária com o resultado de mais de 300 espacos de midia em TVs, sites, blogs, jornais e impressos conquistados através de articulação de mídia espontânea.
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Texto escrito por Jamerson Soares, do projeto Bureau de Comunicação da Ufal, com a coordenação e assessoria de comunicação Keka Rabelo, coordenação geral de Manuela Callou sob orientação de GT de Comunicação com Festival de Música de Penedo e Centro de Musicologia de Penedo - Cemupe/UFAL
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.