A Sereia habita o imaginário popular do alagoano. Eternizada na música do cantor e compositor da terra Carlos Moura, a figura mítica também cai nas graças dos turistas que por aqui chegam. Ela agora emerge graciosa na Orla da Pajuçara em forma e cor, por meio de uma escultura de seis metros de altura, representação inspirada na obra do artesão José Cícero da Silva, 50 anos, o “Mestre Zezinho”, natural de Arapiraca.
A Sereia foi entregue na manhã desta sexta-feira (29) pelo governador Renan Filho e o secretário de Estado do Desenvolvimento Econômico e Turismo, Helder Lima. A solenidade contou com a presença do homenageado. A alegria e a gratidão de Mestre Zezinho não cabiam nele, eram do tamanho da escultura.
“Eu me sinto muito feliz em ser homenageado. É uma satisfação muito grande estar vivendo esse momento. Alagoas tem muitos outros bons artesãos”, disse Mestre Zezinho, que começou a elaborar pequenas peças em madeira ainda na infância. Ele conta que só a partir dos 30 descobriu que poderia viver da arte, embarcado em um ônibus em terras paulistanas, onde foi tentar a sorte.
Depois do “estalo”, ele regressou ao Estado de origem, onde fixou moradia em Campo Alegre e se tornou uma das referências do artesanato alagoano. "Essas peças encantam pelo seu formato, tão original, tão genuíno e tão puro na forma de ser arte e também pelo seu colorido, de maneira que Mestre Zezinho é uma das nossas referências. O nosso Estado possui incontáveis belezas e no nosso Bicentenário aproveitamos para exaltá-las, para resgatá-las e apresentá-las às pessoas, porque, por mais que o Mestre Zezinho esteja no mundo inteiro, – um dos mais apreciados artesãos do País – muita gente ainda não o conhecia”, declarou Renan Filho, que participou da solenidade ao lado da primeira-dama, Renata Calheiros, entusiasta e voluntária do Programa Alagoas Feita à Mão, que incentiva e divulga a produção artesanal estadual.
Helder Lima explica que o monumento instalado na Orla da Pajuçara inaugura uma proposta de intervenções artísticas nas principais paisagens do Estado, apresentando a diversidade, a riqueza e o talento dos artesãos alagoanos. Outras peças serão confeccionadas.
“Participamos, no ano passado, da Fenearte, que é a maior feira de arte popular da América Latina, em Recife (PE). No centro histórico, eles têm lá uma estátua gigante do Leão do Mestre Nuca. Então, assim que vi aquela estátua fantástica, considerei que seria muito importante termos aqui em Alagoas uma obra daquele porte. Levamos a ideia ao governador Renan Filho, que a aprovou de imediato, então decidimos fazer essa estátua”, explicou o secretário.
Com seis metros de altura, a réplica em 3D é feita de isopor naval e fibra de vidro. A escultura integrou-se harmoniosamente ao quadro pintado pelo Criador: terra, mar, céu, gente. “Ficou a coisa mais linda do mundo”, afirmou, entusiasmada, a maceioense Cícera dos Santos, 73 anos, que saiu da casa dela, no bairro do Poço, só para prestigiar a inauguração.
Fonte: Agencia Alagoas | Texto: de Severino Carvalho | Foto: Márcio Ferreira
"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.