Caderno 2

Por, Bairros de Maceió - 18/01/2022

Chega a Maceió o maior acervo particular da música alagoana

São discos, partituras, gramofones, radiolas, livros, gibis, revistas, fotografias, filmes que constituem o acervo

O acervo do pesquisador e colecionador alagoano Claudevan Melo chegou domingo (16) a Maceió, trazido em um caminhão com mais de três toneladas de documentos que tratam da história da música alagoana e brasileira. O translado foi integralmente custeado pelo pesquisador, que passou cerca de dois anos embalando os mais de cinco mil discos de cera, acetato e de 78 rpm que são muito frágeis.

O pesquisador Claudevan Melo nasceu em Rio Largo (AL), acaba de fazer 70 anos, dos quais cinquenta foram dedicados à organização de rico patrimônio cultural. Nos anos sessenta, estudou no seminário metropolitano de Maceió. Após desistir de ser padre, migrou para São Paulo, como era comum entre os nordestinos, e foi trabalhar como metalúrgico na montadora de automóveis Ford.

É um operário sofisticado, como é de se notar, adquiriu o gosto pela música e, sobretudo, pela disposição de colecionar tudo o que dissesse respeito à música alagoana, nos mais variados aspectos e gêneros. A sua dedicação é semelhante à de um garimpeiro que passa a vida à procura de pepitas de ouro.

“Muitas pepitas encontrei, em locais quase improváveis de encontrar alguma coisa de valor. Eram quase lixões de livros e material fonográficos. Nesses ambientes, encontrei valiosas obras de compositores alagoanos”, lembra Claudevan.

“Adquiri todos os discos gravados no Brasil e nos EUA  da grande cantora alagoana, de Atalaia, Thelma Soares”, continua. A cantora Thelma Soares foi revelada por Vinicius de Moraes e Baden Powell quando ela se apresentava no famoso João Sebastião Bar, na Praça Roosevelt, no Centro de São Paulo.

A documentação a maior parte são exemplares únicos como todas as partituras dos compositores alagoanos do século XIX, como Misael Domingues, Alfredo Leahy, Tertuliano, Sizino Barreiros, Tavares de Figueiredo.

Hekel Tavares (1896-1969)

Toda a obra conhecida do compositor alagoano Hekel Tavares – que nasceu em Satuba, em 1896, e morreu no Rio de Janeiro, em 1969 – está no acervo. São mais de 100 discos em acetato e cera, além de objetos pessoais adquiridos em sebos e leilões e doações feitas pelo filho do compositor.

Hekel Tavares é o compositor, maestro, arranjador mais importante nascido em Alagoas, é um dos ícones da música brasileira, com amplo reconhecimento internacional.

A maior parte da obra de Hekel Tavares é constituída de originais de arranjos e orquestração feitos pelo maestro alagoano.

Jararaca

José Luís Rodrigues Calazans, o Jararaca, nasceu em Maceió, em 1896, e morreu no Rio de Janeiro, em 1977. Foi violonista, cantor de emboladas, compositor e emérito letrista brasileiro. Morreu com 81 anos.

O Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira registra que “teve sua primeira viola aos oito anos de idade. Desde criança mostrava tendências à criação musical e humorística. Por volta de 1915, criou um grupo teatral na cidade de Piranhas, em Alagoas”.

Em 1921, o grupo “Os Boêmios” apresentou-se para completar o show dos “Oito Batutas”, no Cassino Moderno, interpretando a embolada “Espingarda pá”, de José Luís Rodrigues, que ainda não era o Jararaca.

A música agradou a Pixinguinha, que passou a incluí-la no seu repertório. O conjunto “Os Boêmios” transformou-se em “Os Turunas Pernambucanos”. Cada componente adotou o nome de um bicho como nome artístico.

Jararaca declarou ao MIS (Museu da Imagem e do Som) do Rio de Janeiro que aqueles tipos de apelidos baseados em nomes da fauna brasileira eram comuns no Nordeste.Toda a obra conhecida de Jararaca faz parte desse monumental acervo organizado pelo pesquisador.

“É difícil falar que tenho toda as obras dos compositores e cantores, maestros alagoanos, mas posso afirmar com certeza que tenho tudo que é conhecido e grande parte do que nunca ninguém pode ter, por um motivo aparentemente simples: essas obras foram peças únicas gravadas. Isso era comum acontecer no início do século XX”, disse Claudevan Melo.

Alguns dos principais acervos:

Augusto Calheiros [1891-1956]
Benedito Silva [1859-1921]
Maestro Fon Fon [1908- 1951]
Peterpan [1911-1983]
Misael Domingues [1857-1932]
Jayme D’Altavilla [1895-1979]
Indio do Cavaquinho [1924-2003]
Luiz Wanderley [1931-1993]
Sadi Cabral [1906-1986]
Maestro Manoe Lima [1983- ?]
Reinaldo Costa (1916 -?]
Aldemar Paiva [1925-2014

Fonte: https://082noticias.com

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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