Jacintinho

Informações

Área: 3.67 Km²

População fonte IBGE: 86.514 hab. censo 2010

Quantidade de logradouros: 235

Região Administrativa: 5

Crédito fotos: José Ademir

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História

Pesquisa: José Ademir     Texto: Jornalista Jair Barbosa Pimentel

História do bairro do Jacintinho

Até a década de 1940, o que é hoje o bairro mais populoso de Maceió, o Jacintinho, não passava de um imenso sítio com predominância da Mata Atlântica, e, em alguns trechos, pequenas casas de moradores. O nome é uma alusão ao rico proprietário Jacinto Athayde, descendente de portugueses, que construiu seu casarão no Poço (ainda hoje preservado) e a ladeira de pedra que dava acesso ao sítio.Já na década de 50, atraídos pelas possibilidades de emprego na capital, foram aparecendo os primeiros modos do novo bairro, que surgia com o nome de Jacintinho. A madeira da mata acabou,sendo usada para construção de casas.Surgiram pequenas mercearias para atender a demanda dos consumidores, e o comércio expandiu-se. A fé católica gerou a construção da primeira igreja, enquanto abriam-se novas ruas, até que, no final da década de 1960, se construiu o conjunto habitacional da Cohab. 
Quem chegava do interior dos Estado sempre procurava o Jacintinho. Surgiram novas favelas, e o bairro foi crescendo desordenadamente. Os primeiros moradores ainda cultivavam roças com o plantio de milho, mandioca, criavam gado e extraiam madeira da mata existente. 

O crescimento foi dividindo o bairro: tem o Jacintinho, o Jacintão, além da Grota do Cigano, Aldeia do Índio, Piabas, Grota do seu Arthur e Alto do Boi. Cada um tem sua historia. Além de Jacinto Athayde, o primeiro proprietário, existia ainda a família Paranhos, possuidora de uma parte de terra cultivada com lavouras de subsistência, e a família de dona Maria Lopes. 

Na época da entressafra da cana-de-açúcar, os trabalhadores rurais migravam para a capital e procuravam logo o Jacintinho. Na década de 50, o então governador Arnon de Mello inaugurou a energia elétrica. Mas a água consumida pela população era da cacimba do Reginaldo. Na administração do prefeito Sandoval Caju, construiu-se o grupo escolar João XXIII e uma maternidade. Só em 1968, o bairro ganhou a primeira linha de ônibus coletivo.

Antigo morador lembra como tudo começou

José Gerônimo da Silva,morador do Jacintinho há 50 anos, tem muita historia pra contar sobre o bairro que ele também ajudou a construir. Ainda reside por lá, na rua São José, uma das mais antigas, e lembra que tudo era difícil. Não existia luz elétrica, água canalizada, nem transporte coletivo. Os moradores utilizavam o bonde até o Poço, e de lá subiam a ladeira para chegar em casa.
O pai de Gerônimo, Manoel Gerônimo dos Santos, foi o fundador das “Piabas”, um dos pontos do Jacintinho, que hoje é quase um bairro independente. Mas tudo começou quando a família Gerônimo apossou-se de uma parte de terra, e depois foi adquirindo mais. Plantavam lavouras ,e novos moradores foram surgindo, até que surgiu a idéia de dar um nome ao lugarejo. O próprio José Gerônimo sugeriu Piabas, porque existia um pequeno córrego,onde pescava-se muitas piabas. Hoje tem ônibus com indicação: Piabas-Centro. Virou um novo “bairro”. 
A Aldeia do Índio surgiu com esse nome porque havia índios no local. Já a Grota do Cigano deve-se a existência de um grupo de ciganos que, vindo de São Luiz do Quitunde, se apossou de uma parte de terra, que era de propriedade de dona Tereza Paz. A Grota do Arroz surgiu em função do plantio de arroz naquele local, que era um verdadeiro pântano. Tem ainda a Grota do Rafael, Grota do Arthur, Grota da Bananeira, Grota do Moreira, e outras, todas “assim batizadas” pela gente simples do lugar, para identificar os seus proprietários. 

                                             Comércio expandiu-se e funciona até no domingo 

O Jacintinho é o verdadeiro “quebra-galho”. Aos domingos e feriados, quando o comercio central fecha suas portas, o do bairro está aberto, com lojas de todos os ramos de negócios, para atender a todo tipo de clientela. Existem supermercados, mercadinhos, lojas de tecidos, confecções, calçados, bijuterias, açougues, farmácias, uma feira-livre que atinge varias ruas, e ainda agência bancária. O crescimento do Jacintinho, que hoje atinge uma população superior a 200 mil habitantes, incluindo todas as grotas e antigos sítios, é maior do que a de qualquer cidade do interior do Estado, contando-se, logicamente, apenas a população urbana, como a de Arapiraca, por exemplo, que é considerada a maior cidade do estado, depois da capital. Por esta localizado na parte alta de Maceió, o Jacintinho é sede da emissora de rádio, a TV Alagoas e empresas de radio-taxi. Abriga também o restaurante Buganvília, freqüentado pela classe media da cidade, dispondo de ampla área de lazer, com piscina e uma bela vista panorâmica.

Farol embeleza mais ainda a paisagem do Jacintinho

Situado numa área de 17.424 metros quadrados no bairro do Jacintinho, com verde por todos os lados, ergue-se o farol de Maceió, com sua luz que ilumina os navegantes. Antes era situado no alto da Jacutinga, atual bairro do Farol. Apresenta visibilidade num raio de 85 quilômetros, que vai de Jacarecica até a Barra de São Miguel. Ele se destaca por suas cores em preto e branco, e a noite se ilumina, transmitindo a luz para o oceano. Conservado o farol do Jacintinho mantém toda a sua estrutura intacta e limpa. Seus 136 degraus, em escada, estilo caracol, é outra atração. Quem se aventura a subir até o topo tem o privilégio de uma bela visão de toda a cidade e orla marítima. Toda a responsabilidade pela manutenção do farol é da Capitania dos Portos, quem também administra os demais existentes em Alagoas: Ponta Verde, Porto de Pedras, Ponto de Coruripe e Barra de São Miguel.

                                                        Jacinto Athayde era “médico” e “delegado”   

Numa época em que a medicina e a segurança pública eram falhas, os burgueses se passavam por esses profissionais, ajudando a população pobre. Burgueses de bom coração como Jacinto Athayde, um filho de portugueses que se instalou aqui em Maceió, no século passado, e fez historia. Construiu um casarão no bairro do Poço (ainda preservado) e foi o fundador do atual bairro do Jacintinho, nome que os moradores encontraram para homenageá-lo. Era casado com dona Domingas Athayde, tronco de uma das mais tradicionais famílias de Alagoas.
A casa grande de Jacinto Athayde, no “pé da ladeira” que da acesso ao bairro do Jacintinho, tem arquitetura do final do século passado. Com o passar do tempo, os descendentes do fundador foram fazendo algumas reformas, mas a fachada é original. Nos fundos, o patriarca da família mantinha um alambique com fabricação de cachaça e vinagre.Fazia famosas “garrafas” que ele próprio receitava para curar algumas doenças, transformando-se num “médico” dos pobres. Era respeitado e punia quem fazia desordens, passando a se construir uma espécie de “delegado”.
Alto funcionário da Usina Leão, Jacinto Athayde era considerado um verdadeiro burguês. Vestia-se impecavelmente. Mas sabia cuidar da terra como qualquer senhor de engenho. Em seu sítio, cultivava vários tipos de lavoura. Ajudava os pobres que o procuravam, e assim foi surgindo o bairro do Jacintinho. A ladeira, que fica ao lado do casarão dos Athayde, leva seu nome. Está desativada depois que a prefeitura construiu outro acesso.


                                                        Católicos iniciaram a evangelização 
As famílias Vieira, Martins e Lopes foram as verdadeiras introdutoras da fé católica no Jacintinho, no inicio de sua expansão como bairro. Construíram, com ajuda de outros moradores, a capela de Santo Antonio, que continua aberta à comunidade, na Rua Belém. O espaço tornou-se pequeno, e a única solução foi construir outra maior, para atender os católicos do bairro. Gerônimo Martins, 58 anos, lembra do sacrifício do povo para construir a capelinha. “Tinha que carregar água e areia do Reginaldo, a pé, a cavalo ou de jumento, e ainda retirar pedra do inicio da ladeira do Jacinto Athayde”, enfatizou-se, lembrando o esforço de seus pais e outros moradores.

Com a construção do conjunto habitacional da Cohab, a população católica aumentou mais ainda, e o bairro ganhou uma nova igreja – a de Nossa Senhora das Dores. No conjunto José da Silva Peixoto, as obras de construção da Igreja Santa Isabel estão sendo concluídas. Mas a fé em Santo Antonio continua em meio à comunidade católica. Todos os anos no mês de junho tem a festa do santo protetor, com novenas, quermesse e procissão.

Publicado em O JORNAL, Maceió, domingo, 27 de outubro de 1996.

A Igreja Santa Isabel, que aliás, passou a categoria de igreja matriz desde 08 de dezembro de 2008, formando assim a mais nova paróquia do bairro do Jacintinho: Paróquia Santa Isabel, 3ª paróquia dentro do Jacintinho, juntamente com as paróquias Nossa Senhora das Dores (de onde Santa Isabel pertencia e foi desmembrada, dando origem a nova paróquia) e Paróquia Imaculada Conceição (antiga Igreja Santo Antônio, cuja atual matriz da Imaculada Conceição fica localizada à Av. Coronel Paranhos, 872, Jacintinho)


JACINTINHO
                                    
Parece uma serpente descendo moro abaixo.
Populoso cheio de grotas, é vigoroso.
Seu charme é o farol sempre luminoso.
Povo alegre, nunca cabisbaixo.
                                     
Sr. Jacinto Athayde,
era o médico ou o delegado,
sempre presente.
Como legado, foi  homenageado.
                                          
O bairro tem vida própria.
Cultura de berço vindo das veias.
Comércio que funciona toda semana.  
                                       
Do sítio a bairro
(várias décadas).
Hoje é um bairro metropolitano.

 Ari Lins Pedrosa

 

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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