Levada

Informações

Área: 0,87 Km²

População fonte IBGE: 10.882 hab. Censo 2010

Quantidade de logradouros: 26

Região Administrativa: 2

Crédito fotos: Fernando Coelho

Mapa do bairro para download: Clique aqui

História

Pesquisa e Texto: Jornalista Jair Barbosa Pimentel
 

Levada sediava o único aeroporto e já foi ponto de atração turística

Antigo ponto turístico de Maceió, por onde chegam visitantes de todo o País, por via aérea, o bairro da Levada é hoje o maior centro de consumo de cereais, hortifrutigranjeiros da capital, sediando o mercado da produção, a feira livre, o Ceasa e centenas de Camelôs. Suas ruas estreitas, que antes eram habitadas por famílias tradicionais, hoje são ocupadas por casas de comercio dos mais variados ramos. O pequeno aeroporto foi desativado há mais de 50 anos, dando lugar a residências e lojas. Mas a beleza da Lagoa Mundaú ainda persiste, e serve de sustento para milhares de alagoanos, com peixes e moluscos. O escritor Craveiro Costa, em seu livro “Maceió”, assim descreve o bairro da Levada nos anos 30.“Por lá aterrisam os aviões, de modo que o viajante que chega em Maceió pelos ares tem um encontro pitoresco com a cidade, através da lagoa. Dá gosto ver-se tudo aquilo lá de cima: é um labirinto d’água, a que não faltam o colorido dos coqueirais, os mangues extensos e os goiamuns pela areia, e os pescadores apanhando sururu nas suas canoas”. A Levada tinha assim um interesse turístico e comercial, ao mesmo tempo, por causa dos aviões que aterrisam ou decolavam do único aeroporto da cidade. 

   Mas o bairro da Levada remota aos tempos do Império. Por ser visinho ao Centro da Cidade, o bairro era habitado por pessoas da classe média, que construíram seus casarões sempre com sobrados e as sacadas, por onde se descortinavam a vista para alagoa. As ruas eram estreitas (como ainda são), com gente nas calçadas, conversando e colocando o assunto em dia. Aos poucos foram surgindo as casas comerciais e, no final do século passado, a “Feira do Passarinho”. 
 No início do atual século, a Levada já era considerada uma área de grande cotação no restrito mercado imobiliário da capital. As pessoas queriam residir no bairro por ser o mais perto do comércio central e ter a maior feira livre, além de escolas, a Igreja de Nossa Senhora das Graças, e já nos anos 30, o cine Ideal. Hoje, o bairro tem todas as ruas pavimentadas, e pouca coisa lembra o passado. Continuam alguns casarões, já descaracterizados e transformados em escolas e casas comerciais. O Mercado da Produção é o símbolo da modernidade, apesar de mal conservado. O velho mercado virou um centro de vendas de artesanato, mas o relógio, continua no mesmo lugar. A linha férrea continua cortando parte do bairro, que passou a dispor de uma moderna estação.

Matriz das Graças: símbolo da fé católica de um povo

   A fé católica sempre esteve presente nos moradores da Levada. A Igreja matriz de Nossa Senhora das Graças é uma das mais antigas da cidade; e símbolo da religiosidade do bairro. São quase 100 anos de história relatada por escritores alagoanos, que descrevem a matriz das Graças. A igreja serviu para o velório do ex-governador Muniz Falcão, um dos populares de alagoas.
   As festas da padroeira (Nossa Senhora das Graças) sempre foram as mais famosas da capital, desde o final do século passado. A procissão de encerramento recebia muitos fiéis de vários bairros da cidade, com a fé demonstrada nas promessas pagas naquele dia. Os moradores demonstravam essa fé, com alegria, expondo nas janelas de suas casas toalhas brancas e flores, e, durante as noitadas novenário, eram realizadas quermesses. 
   Por sua proximidade com o Centro, Prado, e Ponta Grossa, a Levada sempre recebia, e ainda recebe, fiéis  para as missas do domingo na sua matriz, que também é palco de casamentos, batizados e outras cerimônias religiosas. 
   Com crescimento de outras religiões, surgiu na levada a primeira Igreja Batista da cidade, que ainda hoje se constitui no principal centro de seguidores dessa região.

Cine Ideal perde o romantismo e ingressa nos filmes pornôs

   Reduto de crianças e adolescentes dos anos 50 e 60, para vibrar com seus filmes de guerra e comédia, em suas matinês de fim de semana, e os filmes românticos das seções noturnas, o Cine Ideal, transformou-se no centro de filme pornô, mas continuam funcionando, enquanto a maioria dos outros cinemas de sua época, já fechou suas portas. O Ideal fica na rua 16 de Setembro, já próximo à divisa do Levada com o Centro.
   No tempo em que ainda não existia televisão em Maceió, os cinemas eram a grande atração de crianças adolescentes e adultos. O Ideal surgiu na década de 30, tendo já mais de 60 anos de funcionamento. Concorria diretamente com os cinemas do Centro, da Ponta Grossa, do Poço e da Pajuçara. Hoje, apenas ele e o Plaza, do Poço, persistem, mas adotaram o estilo pornô, parar conseguir clientela, geralmente homossexuais em busca de aventuras. 
    Contam os mais velhos, que ate os anos 50, o Cine Ideal era um dos pontos de maior concentração dos jovens, para namoros e paqueras. Entrava-se pela 16 de Setembro, e a saída era pela Praça Emilio de Maya, toda arborizada e iluminada. A saída foi fechada desde o final dos anos 60.

Mangues se tornam em avenidas e famílias se mudam parar outros bairros

   Os mangues, que antes ocupavam boa parte do bairro da Levada, foram sendo aterrados aos poucos, e abrindo-se novas avenidas como a Comendador Tércio Wanderley, totalmente tomada pelo comércio atacadista e varejista. Nas vizinhanças do Mercado da Produção, já com o canal recuperado, todas as ruas e becos formam um movimentado comércio.
   Quem ainda reside no bairro dispõe de toda infra-estrutura de serviços e produtos. A proximidade com o Centro da cidade garante as idas e vindas a pé, sem necessidade de transporte coletivo ou carro particular. Poucos são os moradores. Mas ainda existem alguns, que continuam aproveitando as facilidades que o bairro oferece. Ruas como a Vitória, Celeste Bezerra, da Concórdia, 16 de Setembro e a Praça das Graças ainda servem de moradia para algumas famílias. Mas a maior parte é ocupada mesmo por atividades comercias. 
   Muitas das famílias tradicionais do bairro como os Gama, os Cintra, os Andrade, os Pimentel e tentas outras foram deixando o burburinho da Levada para a tranqüilidade de bairros mais afastados do Centro.

Ruas têm nomes de coronéis e também de gente simples

   As ruas do bairro da Levada recebem nomes de velhos coronéis, altos comerciantes, políticos e gente simples, como a dona de casa Celeste Bezerra, que foi atropelada e morta, na década de 40, quando se dirigia a um Grupo Escolar para votar em seu candidato preferido: Silvestre Péricles, para governador do Estado, que foi vitorioso. O bairro se limita com o Centro, Prado, Ponta Grossa e a lagoa Mundaú, atingindo ainda a parte da Cambona, na divisa com a linha férrea.
   A homenagem da Câmara de Vereadores e Prefeitura ao coronel Cahet, dando seu nome a uma das mais movimentadas ruas, tinha sue razão. Manoel da Costa Cahet, o “coronel Cahet” , era proprietário de um imenso sítio do outro lado da lagoa e de casas em todo o bairro. Outro, que tem seu nome imortalizado, é o coronel Meira, rua movimentada, que era conhecida como “rua dos fogueteiros”, por se constituir no maior centro de fabricação e comércio de artifícios da cidade. 
   A Levada também homenageia um conhecido político de Maceió da época de Vargas: o advogado Rodolfo Lins, assassinado em 1935 por questões políticas com os irmãos Góes Monteiro, sendo seu cadáver jogado na rua do comércio, em frente ao relógio oficial. Hoje, seu nome está memorizado com o Parque Rodolfo Lins, também conhecido como Praça do Pirulito, palco de comícios, festejos natalinos e outras atrações festivas da cidade.

Publicado em O JORNAL, Maceió, domingo, 04 de agosto de 1996.


LEVADA
                                  
Foi o antigo ponto turístico de Maceió,
hoje é um grande centro cheio
de consumidores de cereais e hortifrutigranjeiros.
Sua feira e seus camelôes emolduram o bairro.
                                        
Porque não falar do pequeno aeroporto,
que foi desativado a mais de cinquenta anos.
Onde se via do alto a majestosa lagoa Mundaú,
brilhando ao sol, num dia pitoresco.

A classe média desta cidade,
já fez deste bairro morada.
Hoje suas noites são silenciosas.
                                            
Seu grande barato
é a feira do passarinho,
um verdairo oásis de tudo.

- Ari Lins Pedrosa-

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Curiosidade

Treze vezes vencedor do prêmio Notáveis da Cultura Alagoana - Prêmio ESPIA.

"Uma cidade que não tem memória é uma cidade sem alma. E a alma das cidades é sua própria razão de ser. É sua poesia, é seu encanto, é seu acervo. Quem nasce, quem mora, quem adota uma cidade para viver, precisa de história, das referências, dos recantos da cidade, para manter sua própria identidade, para afirmar sua individualidade, para fixar sua municipalidade." Extraído do livro Maceió 180 anos de história 5 de dezembro de 1995.

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